terça-feira, 7 de agosto de 2012

Herbert Graf (1903-1973)






Em 1922, o pequeno Hans, com 19 anos procura Freud em seu consultório na Bergasse, 19. Diz o próprio Hans sobre esse encontro em uma entrevista a Francis Rizzo em 1972:”Quando eu era pequeno, desenvolvi um medo neurótico por cavalos. Freud fez um exame preliminar e dirigiu o tratamento, com meu pai como intermediário. Não lembrei-me de nada até anos mais tarde quando encontrei-me com um artigo no escritório do meu pai e reconheci alguns nomes e lugares. Em um estado altamente emotivo, visitei o grande doutor no seu consultório na Bergasse 19 e apresentei-me como ‘o pequeno Hans’. Ele levantou-se e abraçou-me afetuosamente, dizendo que não podia desejar maior comprovação das suas teorias ao ver o alegre e saudável jovem de 19 anos em que eu havia-me tornado.” Após o encontro com Freud em 1922 surge uma questão: Quem foi Herbert na vida adulta? Eu não sou um diretor cênico “brilhante” ao estilo de Reindhart ou de um Zeffirelli, e ainda que posso apreciar este tipo de virtuosismo, não é parte de minha natureza ou de minha meta. Sou filho de um professor, um trabalhador dedicado, um homem que sabe o que faz, que acredita que, certos aspectos desse saber operístico pode ser transmitido aos outros”
Ele foi um homem inovador e moderno para o seu tempo. Para alguns sua ambição foi considerada uma estupidez, mas isso não interferiu na determinação com que “criou” o seu caminho, desde a sua formação acadêmica, até criação da função de diretor de cena de ópera, que não existia antes dele.
Fez doutorado na Universidade de Viena defendendo uma tese sobre Richard Wagner. Estudou também natação bizantina, desenho cenográfico e canto.
Depois de se arriscar sem sucesso na arte lírica, assumiu a direção cênica da Ópera de Münster em 1925, aos 22 anos, lançando-se na carreira profissional com a ópera Fígaro.
Ao começar a carreira como diretor, aderiu a política de vanguarda, tendo com isso adquirido a reputação de “garoto problema”. De Münster seguiu crescendo e assumindo a direção principal em outros teatros de óperas na Alemanha. Seu trabalho se destacava pela modernização do repertório standart da época.
Com a proximidade da Segunda Guerra Mundial decidiu deixar a Alemanha, morando algum tempo em Basel/Suíça e Praga, de lá para os EUA
Em 1934/1935, com 31 anos, foi contratado pela orquestra da Filadélfia tendo como missão montar óperas encenadas com qualidade superior as apresentações standart do Metropolitan Ópera. Fora escolhido em função do seu trabalho inovador na Europa. Entre as inovações propostas: o cenário giratório para uma das óperas, e a montagem delas em inglês. Fora, em grande parte, aclamado pelo povo e pela crítica, mas não deixaram de haver aqueles que entendiam que a ópera havia perdido o rumo.
Esta foi uma temporada fértil na vida de Herbert. (P) Conheceu grandes mestres como Toscanini, que se entusiasmou e aprovou seus projetos originais.(P) Conheceu também, Bruno Walter que o convidou para montagem de uma ópera no Maggio Musicale em Florença. Esta oportunidade, fora para ele, um período de grande aprendizagem ao lado destes mestres.
“Jovem, escutei falar tantas coisas horríveis sobre ti, que até pensei que tinhas talento.
Frase de Bruno Walter no 1º encontro com Herbert Graf nos EUA.
Permaneceu, dezesseis anos, na Filadélfia. Atuou como diretor de cena em outros teatros dos Estados Unidos.
Da temporada americana considerava, no entanto, como trabalho gratificante aqueles que haviam realizado com outros diretores, com o objetivo de aproximar a ópera do povo.
Tinha como um de seus interesses a construção/reforma de teatros para abrigar ópera, tendo consciência, porém, das dificuldades que envolviam este empreendimento.
Foi um homem que ousou ser criativo num meio, predominantemente, conservador. Movido por esta atitude, chegou a fazer gravações para a T.V., mas defendia a ópera nos teatros. O trabalho que realizou na TV, obteve tanto sucesso, que só perdeu em popularidade para a transmissão de esportes. Vale lembrar que a transmissão por televisão estava recém começando.Com o fim da Segunda Guerra, permanecia mais tempo na Europa. A fama que conquistara com seu trabalho, levou-o a montar óperas em Verona, Milão, Veneza e Florença, onde trabalharia com Maria Callas. Considerava Florença seu “lar italiano”.
Numa das suas visitas à Europa, na primavera de 1946, Herbert retornou a Viena para visitar sua mãe e hospedou-se no Hotel Bristol. Da janela de seu quarto observou, estarrecido, as ruínas de uma famosa casa de ópera, “(…) um símbolo da cultura musical da Europa pisoteado pelas forças malignas do hitlerismo. Para Herbert, “ Minha tristeza ao ver o teatro foi aumentada pelas inesquecíveis lembranças da minha juventude”
Em 1960, aos 57 anos, a mudança para Zurique marcou o final da minha longa estadia nos EUA.
“A viagem demais de uma semana que separava o Velho Mundo do Novo Mundo tinha se convertido em um vôo noturno em um avião panamericano”.
Aceitou a administração do “Teatro da Cidade”, na expectativa de ter liberdade de escolha de repertório, desenhistas, músicos e horários de ensaio, diferente do que havia sido sua experiência no MET. Encontrou resistência ao propor mudanças, como montar óperas para jovens cantores. Desiludido com a tarefa apresentou sua renuncia em 1962.
Foi autor de três livros e vários artigos que tinham como temática principal o ensino, tanto do público como dos artistas. Defendia, todavia, que a sobrevivência da ópera dependia da criatividade
Apresentação no Scalla de Milão com Maria Callas. Em 1965, Herbert Graf transferiu-se para Genebra e assumiu a administração do Gran Théâtre de Zurique e seguindo, a do Grand Théâtre de Genebra, onde se sentia muito satisfeito com o trabalho realizado.
Em 1967 criou o Centre Lyrique, dando início ao projeto de construir uma escola de ópera, desejo acalentando por anos. Este projeto acadêmico, não só formava jovens cantores, mas também pretendia novamente aproximar à ópera através de apresentações continuadas..
Em 1971, então com 68 anos, Herbert fundou em Hellbrunn, no Festival de Salzburgo, um evento denominado Encontro Mundial da Juventude, com ópera, teatro e dança. Este projeto está ativo até os dias de hoje.
Surge ainda uma questão: como foi a vida privada de Herbert Graf?
Herbert tivera um primeiro casamento em 1927, aos 24 anos, com Liselotte Austerlitz. Dessa união nasceu Werner Graf, do qual não se tem informações.
Casou-se pela segunda vez em 1966, aos 63 anos com Margrit Thuering, com quem teve uma filha Ann-Kathrin que, como o pai e o avô, está ligada ao campo da arte, mais vinculada à direção de televisão e teatro. A filha relatou que, apesar das poucas lembranças que tinha do pai – estava com seis anos quando ele faleceu – disse ter uma imagem viva em sua memória: recordava o pai sempre em sua oficina, como também entregue na preparação de suas obras.
Atormentado por problemas conjugais retomou uma análise com Hugo Solms que o incentivou a apresentar-se a Anna Freud por ocasião de um congresso de psicanálise em Genebra, em 1970. Esta visita não teve repercussões.
Acometido por um câncer renal incurável, Herbert morreu em 5 de abril de 1973, em decorrência de uma queda, provavelmente provocada por vertigens, devidas ao seu frágil estado de saúde.

Herbert Graf (1903-1973)






Obs - Documentário amador sem locução sobre o caso clínico de Freud e a vida adulta de Herbert Graf, o pequeno Hans.
A primeira parte é sobre o caso clínico de Freud e a famlía Graf.
A segunda parte é sobre a vida adulta de Herbert Graf.
Esse material foi produzido para um evento sobre o pequeno Hans na Sociedade de Psicologia do Rio Grande do SulRoteiro:
Comitê de Psicologia Clínica da SPRGSComitê de Psicanálise de crianças de 3 a 6 anos.Direção e edição: Leonardo Della Pasqua (51) 9614.7005 leopasqua@hotmail.com

Agradecemos a colaboração da Revista Fort-da (http://www.fort-da.org ) pelas acervo de imagens e vídeos.

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