quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Spider – Desafie Sua Mente

www.cinereporter.com.br/criticas/spider-desafie-sua-mente
David Cronenberg realiza um dos mais impressionantes mergulhos na mente de um personagem

Por: Rodrigo Carreiro




NOTA DO EDITOR:

A belíssima seqüência de abertura de “Spider” (Inglaterra/Canadá, 2002) dá o tom exato do longa-metragem de David Cronenberg. São imagens estáticas de detalhes das paredes mofadas de uma casa humilde na periferia industrial de Londres. Elas parecem lindas pinturas abstratas, em tons pastéis, e surgem acompanhadas de uma melancólica canção levada ao piano. As imagens conseguem encontrar padrões plasticamente interessantes em paredes descascadas. Se bem observadas, essas imagens encontram um padrão recorrente – minúsculos pontos que parecem olhos. Isso revela muito sobre a ambiciosa proposta do filme: mostrar como funciona uma mente esquizofrênica.

Como se sabe, os esquizofrênicos sofrem de mania de perseguição, o que explica perfeitamente os olhos fictícios. “Spider” pretende, portanto, alcançar uma tarefa em que muita gente boa já fracassou. Não é o caso aqui. O filme tem sido aclamado pela crítica internacional como uma pequena obra-prima do cinema contemporâneo, e é verdade. Está entre os melhores filmes de Cronenberg, e isto não é pouca coisa, já que estamos falando de um dos cineasta mais importantes da cinematografia atual, um dos raros que merecem o rótulo de “autor”.

O diretor canadense é um desses raros artistas arrojados que tentam expandir os limites da arte para além daquilo que se pretende possível. A obra de Cronenberg tem uma coesão temática admirável. O cineasta se dedica, há trinta anos, a documentar a fusão entre corpo e tecnologia, além de buscar traduzir em imagens a confusão entre realidade e ficção que, segundo filósofos pós-modernos, é marca registrada da época em que vivemos. Esse lugar entre fronteiras torna-se, mais uma vez, objeto de investigação para Cronenberg.

Em “Spider”, contudo, o diretor persegue um estilo delicado e low profile, completamente diferente daquele que o consagrou. A excentricidade e a valorização do grotesco, perseguidas em filmes como “Crash” e “eXistenZ”, foram abandonados em prol de um resultado mais discreto e silencioso. Sem medo de errar, é possível afirmar que o cinema jamais havia conseguido, até este filme, entrar na mente de um personagem de forma tão impressionante. Todas as imagens que vemos são filtradas através da mente de Dennis “Spider” Cleg, um homem doente que acaba de ser libertado do hospício, mas nem por isso perto da cura. Ele não se comunica e vive num mundo só dele.

Dennis (Ralph Fiennes), claro, é esquizofrênico, embora o filme jamais diga isso claramente. Ao sair do hospício, ele se hospeda numa pensão especial para sujeitos como ele, localizada num bairro da periferia industrial de Londres. É o mesmo local onde ele passou a infância, e Dennis se aproveita desse fato para visitar os lugares que marcaram sua vida e tentar relembrar os acontecimentos que lhe provocaram a loucura. Por isso, anda com um caderninho de anotações, rabiscando e murmurando palavras incompreensíveis. Dennis vive num mundo particular, e Cronenberg compartilha este mundo com a platéia de forma surpreendentemente lúcida.

“Spider” é uma dessas felizes conjunções de talentos raras no cinema. A composição do personagem principal é um trabalho espetacular e meticuloso. Ralph Fiennes passa a maior parte do tempo murmurando para dentro e espreitando, como um fantasma, a difícil relação que manteve com o pai, um encanador (Gabriel Byrne), e a mãe, uma devota dona-de-casa (Miranda Richardson). A atriz, por sinal, também incorpora – de forma sensacional – dois outros papéis, de uma prostituta local e da dona da pensão onde Spider está hospedado no presente. Ela está tão bem que o espectador demora a reconhecer a mesma atriz nos três personagens.

A presença cênica segura de Richardson busca colocar o espectador na mesma posição de Dennis Cleg. Na medida em que vai investigando os fatos da infância, o sujeito vê os limites de realidade, ficção e memória se cruzarem. A narrativa de “Spider” vai mergulhando o personagem – e com ele a platéia – numa complicada rede de recordações distorcidas pela mente perturbada do protagonista, até um limite em que nem Cleg e nem o espectador consegue mais distinguir o real e a ficção, o passado e o presente, as memórias verdadeiras e as memórias distorcidas pelo esquizofrênico Spider.

Se os atores têm grande mérito no notável trabalho de embaralhar os limites daquilo que é real e imaginário, David Cronenberg tem ainda mais. Ele já havia trabalhado o tema de maneira engenhosa no longa-metragem anterior, “eXistenZ”. Para realizar “Spider”, contudo, o diretor preferiu uma abordagem diferente, em que jogou fora todo o ranço teórico pós-moderno e a obsessão com a interferência da tecnologia no corpo humano. Cronenberg reduziu a trama ao mínimo possível, poupando diálogos (Ralph Fiennes não tem uma cena sequer de diálogo!) e abrindo espaço para o espectador refletir sobre a natureza das imagens que consome.

Aqui, o cineasta foge do naturalismo e usa a cenografia como ferramenta para mostrar o mundo solitário e confuso de Spider (repare como, à exceção da cena de abertura na estação de trem, o personagem está sempre caminhando em ruas vazias, sem nunca cruzar com ninguém, numa demonstração visual impressionante da solidão daquela mente). O mundo urbano, sujo, de ruas vazias, fábricas desertas e paredes com pinturas caindo aos pedaços, funciona como metáfora da condição interior de Spider.

A citada abertura é um bom exemplo da técnica refinada de Cronenberg. A cena mostra os ocupantes de um trem saindo da locomotiva, que acaba de chegar à estação. Há três categorias de transeuntes. Os primeiros andam rápido, quase correndo. Estão concentrados, tensos, indo ao trabalho. Não olham em torno, estão com a cabeça longe. Em seguida, há os turistas, que caminham sem muita pressa e com uma invariável mistura de sorrisos e olhares curiosos. Dennis Cleg é, sozinho, a terceira categoria – e também o último homem a descer do trem. Antes que qualquer palavra seja pronunciada, a platéia já sabe que está diante de um homem diferente, que não pertence ao mundo.

A rigor, quando preferiu enfatizar o processo mental bastante singular de Dennis Cleg, Cronenberg conseguiu criar uma galeria de personagens inesquecíveis, uma trama complexa que literalmente desafia a platéia a separar a realidade da ilusão, e um filme plasticamente belo, que consegue extrair poesia da degradação urbana (e humana) em um momento histórico – século XXI – em que isso já não parecia mais possível.

O DVD da Versátil, lançado em 2006, traz o filme com boa qualidade de imagem (widescreen anamórfica) e som (Dolby Digital 5.1), mais um ótimo documentário (30 minutos) em três partes. A edição anterior, da mesma distribuidora, não tinha extras e trazia cortes laterais na imagem (fullscreen).

- Spider – Desafie Sua Mente (Spider, Inglaterra/Canadá/França, 2002)
Direção: David Cronenberg
Elenco: Ralph Fiennes, Miranda Richardson, Gabriel Byrne, Lynn Redgrave
Duração: 98 minutos

JACQUES-ALAIN MILLER


Intuições milanesas I
JACQUES-ALAIN MILLER - AME, Membro da EBP, ECF, ELP, EOL, NEL, NLS e da Associação Mundial de Psicanálise – AMP.
Endereço eletrônico: jam@lacanian.net

Resumo: Conferência pronunciada por J.-A. Miller em Milão, por ocasião da criação da Escola Lacaniana do Campo Freudiano na Itália, sobre o tema “Os psicanalistas na cidade”. Tomando como ponto de partida uma proposição de Lacan retirada do seu Seminário A lógica da fantasia -“Não digo ‘a política é o inconsciente’, mas simplesmente ‘o inconsciente é a política’”-, Miller propõe uma série de reflexões, em que trabalha conceitos como o inconsciente, a política, a cidade, o gozo, até chegar à discussão sobre o tratamento analítico na época da globalização e o que esta época comporta de aviltamento e depreciação da psicanálise.
Palavras-chave: inconsciente; política; tratamento psicanalítico; globalização.

Intuições milanesas II
JACQUES-ALAIN MILLER - AME, Membro da EBP, ECF, ELP, EOL, NEL, NLS e da Associação Mundial de Psicanálise – AMP.
Endereço eletrônico: jam@lacanian.net

Resumo: J.-A. Miller demonstra nesse texto como as modificações de nossa clínica na época da globalização se relacionam com a máquina do não-todo. Para abordar a clínica contemporânea como clínica do não-todo, Lacan nos indicou a via do nó, que promove arranjos diferentes, em continuidade uns com os outros. Na última clínica lacaniana o sintoma se torna a unidade elementar da clínica e sua substância é o gozo. Não se trata mais de cura nem de travessia no fim da análise, mas da passagem de um regime de gozo a outro, de um regime de sofrimento a um regime de prazer. Considerando o passe como o que coloca em cena a máquina do não-todo, ele promove uma desconexão entre ser um analista e a prática do analista.
Palavras-chave: Lógica do todo; lógica do não-todo; sintoma; gozo.
http://www.opcaolacaniana.com.br



quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Gerard Miller's documentary 'Rendez Vous Chez Lacan'

http://www.wapol.org/pt/articulos/TemplateArticulo.asp?intTipoPagina=4&intEdicion=2&intIdiomaPublicacion=9&intArticulo=2393&intIdiomaArticulo=5&intPublicacion=13


"Rendez-vous Chez Lacan" en DVD
Le film de Gérard Miller, "Rendez-vous chez Lacan", diffusé sur France 3 il y a trois mois, sortira en février en DVD.
Mais vous pouvez dès à présent le commander sur le site : http://www.gerardmiller.fr
et le recevoir ainsi, en avant-première, dès janvier.
Avec la participation de : Agnès Aflalo, Jo Attié, Guy Briole, Antonio di Ciaccia, Jean-Louis Gault, Yasmine Grasser, Alain Grosrichard, Suzanne Hommel, Benoît Jacquot, Eric Laurent, Catherine Lazarus, Anaëlle Lebovits, Clotilde Leguil, Lilia Mahjoub, Jacques-Alain Miller, Judith Miller, Jean-Claude Milner, Martin Quenehen, François Regnault.
Trois bonus inédits ; Entretien avec Judith Miller (17min) - Entretien avec Jacques-Alain Miller (15min) - Le point de vue du réalisateur (14min)
Ci-joint la jaquette du DVD.
You can order the DVD of Gerard Miller's documentary 'Rendez Vous Chez Lacan' from this website, now: http://www.gerardmiller.fr
Rendez-vous Chez Lacan

Espetáculo

Jorge Forbes
            Espetáculo é um termo caro à psicanálise. Remete a: “ver sobre uma cena”. A primeira idéia, a primeira expressão que nos ocorre é aquela consagrada por Freud: “uma outra cena” (ein anderer Schauplatz), por vezes usada como referência de inconsciente. Empregamos a expressão “outra cena” quando, por exemplo, o analisando muda as coordenadas de suas queixas desde um contexto local, para um outro lugar, em um outro tempo. Chega-se a preconizar tecnicamente a mudança da poltrona para o divã, nesse momento de passagem discursiva.
            Lacan se inicia na psicanálise também com um estudo sobre o espetáculo - podemos assim dizer - uma vez que seu trabalho inicial de 1936 sobre o Espelho discorre sobre o momento em que um bebê, ainda em estado de corpo fragmentado, precipita uma unidade imaginária corporal, a se ver completado no espelho, neste caso, metáfora daqueles que se ocupam dele, a começar por sua mãe.
            O estudo de Freud e o de Lacan coincidem e destacam algo fundamental da natureza humana, a saber: o ser humano se compreende ou se realiza, no sentido forte do termo, só quando é colocado em cena, no espetáculo, no confronto com o outro.
            A questão “espetáculo” ganha especial importância nos dias de hoje, que foram consagrados por Guy Debord sob o nome “A Sociedade do Espetáculo”, título de seu livro bem mais citado do que lido.
            Sim, vivemos na sociedade do espetáculo, passamos de uma sociedade industrial, no qual o laço social era vertical, para uma sociedade globalizada, da era da informação, no qual ele é horizontal. A primeira, a sociedade industrial, era uma sociedade padronizada em todos os seus níveis, do mais restrito ao mais amplo. Na família, o pai; no trabalho, o chefe; na sociedade civil, a pátria. As cenas eram fixas, com explicações prêt-à-porter, o que facilitou a importância e a extensão que tomou o “complexo de Édipo”, como uma chave geral explicativa. Se o espetáculo pertence ao registro do Imaginário, no sentido de Lacan, ele era ali submetido às leis compreensivas do registro Simbólico, superiores ao Imaginário, na época que precedeu a que vivemos. Antes, compreendíamos, dávamos um sentido ao espetáculo, o iluminávamos com o saber, como preconizaram os Iluministas. 
            Preocupados que estamos com “a ordem simbólica no século XXI não ser mais o que era” (título do Congresso de 2012, da Associação Mundial de Psicanálise – AMP) e com as decorrentes conseqüências nos tratamentos, cabe notar que o Imaginário em nossos dias se associa diretamente ao Real, sem necessidade da intermediação simbólica. Trocando em miúdos. Saímos de uma situação na qual a razão era prioritária, para um novo momento, no qual o ressoar toma a dianteira. Assim, os jovens contemporâneos não se perguntam entre si: - “Você me entendeu?”, como faziam os seus pais, mas, simplesmente: - “Você tá ligado?”. O que se tornou básico não é um intercâmbio de significado racional, presente no “entender”, mas uma epidemia (outro termo atual que merece nossa atenção, por descrever como se dão mudanças sociais atualmente), uma epidemia de sentido, tá ligado? Saímos do diálogo e estamos indos para os monólogos articulados.
            Nesse mundo de hoje, só duas opções: espetáculo ou genérico. Genérico é ser igual a todo mundo, na ordem unida, tal como as geladeiras: todas brancas e ninguém sabe a marca. Espetáculo é um problema. Requer dois movimentos fundamentais, que sintetizo na sigla cheia de futuro: IR. IR de Invenção eResponsabilidade. Sendo que vivemos um mundo despadronizado, no qual faltam referências ao homem que se vê desbussolado, no qual nem o Édipo sobrevive como chave universal, em vez de cada um se medir frente a um padrão, que não há – pois não há um, mas inúmeros - somos levados a inventar uma resposta singular e passá-la responsavelmente no mundo. Assim entendo quando em seu curso de 2010 (inédito), em Paris, Jacques-Alain Miller trabalha a dimensão do show, no passe. Segundo ele, o cartel do passe não teria nenhuma nota a tomar, a não ser se deixar impressionar pelo espetáculo daquele que se oferece a demonstrar a sua maneira de passagem do estritamente singular ao mundo.
            Essa forma de compreensão do espetáculo é coerente à segunda clínica de Lacan, nomeada de forma diversa, entre outras, de Clínica do Real. Se na primeira clínica a questão era atingir um saber sobre o véu do fantasma, demonstrando-o e atravessando-o, na segunda, própria aos tempos atuais, a questão não é a demonstração, mas a “monstração, como diria Lacan, mostrar a capacidade que se adquire em uma análise de não mais buscar a referência de sua identidade na dialética do espelho/expectativa do Outro, aquém ou além do fantasma, axioma das significações. Trata-se, na clínica do século XXI, de suportar o impacto e a surpresa, do que aparece como novo e equívoco, sem significado pré-estabelecido, no entanto estreitamente ligado ao sentido de um gozo ineliminável, marca de origem de cada um, que possibilita a flexibilidade necessária a quem queira ser um “homem pronto a todas as circunstâncias”, inventando e se responsabilizando por soluções singulares, na cena de uma vida.

La tecnología genética*. Ricardo Seldes (Buenos Aires)

http://www.blogelp.com/index.php/cat15/

02:12:00 , por jalvarez Spanish (ES)
Para comenzar a tratar este apasionante tema, quizás haya que aclarar que lo haremos desde la perspectiva de lo que denominamos la subjetividad contemporánea, subjetividad que está desplazada, conducida, cautivada en un movimiento poco resistible que la sumerge en la producción acelerada de un mundo que ha dejado la idea de la Naturaleza al campo del romanticismo, de la añoranza, en algunos casos de la nostalgia. Y ese modo de ubicarse hacia el pasado, implica que el futuro es por lo general considerado como de cuidado, de conservatorio, de reservas naturales, incluso de especies protegidas. La subjetividad moderna es la que está dominada por el mundo de las imágenes, las apariencias y la exhibición de las desgracias.
Podría graciosamente avanzar en palabras que apuntan a un paisaje apocalíptico, aún con la idea de que se trate del Apocalipsis confortable de las personas perdidas en los pequeños y grandes gadgets del mundo contemporáneo. Pero no, no me daré el gusto de angustiarme construyendo para el tema que hoy nos convoca una visión de que el mundo es lo imposible de soportar, bella definición del síntoma en psicoanálisis en relación a lo real. De todos modos no dejaremos de lado tampoco la preocupación que existe en notables grupos de la cultura frente a la idea de una ciencia bulímica y de científicos, quizás más que de científicos, de corporaciones económicas o de poder desprovistos de criterios éticos de aplicación. En definitiva el Apocalipsis como representación existe desde siempre, aunque obviamente los medios y los agentes de su realización han ido cambiando.
La misma estructura del saber y el alcance obtenido por él, junto con la difusión de sus consecuencias, puede angustiar de tal modo que en realidad no hace tanto, menos de 100 años, grandes cantidades de personas se suicidaron ante la noticia de que el cometa Halley chocaría contra la Tierra. Ni hablar de la invasión extraterrestre magistralmente relatada en la radio por Orson Welles que produjo una agitación en la opinión pública norteamericana, cuyas dosis de creencia en el Otro la hacen una sencilla masa moldeable para los mejores y los peores fines. Tenemos ahí quizás ejemplarmente ubicado el lugar del sujeto, enfrentado a su propio vacío, al culto de su propia autenticidad, de su propio desarrollo, de su expansión y de su autorreferencia. Ese sujeto claramente distinguido en esa sociedad que en mayor o menor grado se divulga en las sociedades vecinas, exige un deber, el de vivir y el de gozar, con tanta fuerza que incluso es lo que hace que en las sociedades avanzadas vaya despareciendo por ejemplo el derecho a reventar gustosamente con los propios vicios. No es que yo sea un defensor del tabaquismo, entiendo que la otra cara de esta moneda tiene a los que dicen que reviente si quiere, yo tengo el derecho al aire puro. Que sabemos que es una ficción ya que el smog que respiramos en las grandes ciudades y especialmente en Corrientes y Talcahuano parece ser de las peores concentraciones del mundo. Pero, he dicho que no me voy a tentar en seguir la larga lista que implica la contaminación, la locura que señala la dificultad de una sociedad que no sabe que hacer con los restos de su producción, y aún peor la nuclear. Pero que, no seamos ingenuos tampoco, ya que el exceso en la producción también es respuesta a un exceso en las demandas del consumo, con su apetito insaciable. Hay más un gusto por los objetos nuevos que por los tradicionales, y hay verdaderas comunidades consumistas, es decir, que comparten su modo de gozar en una verdadera soledad donde cada uno puede encontrar en la manifestación del desamparo igual al suyo un consuelo identificatorio, como lo que se ve en los Reality shows.
Pasemos entonces a la cuestión de la tecnología genética.
Hace algunos años hemos realizado una investigación, cuando recién comenzaba en nuestro país a difundirse el uso de la fertilización asistida, un tema candente en la sociedad, con efectos de orden práctico en la vida de las familias.
En ese momento, mi interés apuntaba a la diferenciación que el psicoanálisis hace en cuanto a la pregunta por el padre, al diferenciarlo del genitor. Y era evidente que tanto el tema de la natalidad controlada, la fertilización asistida y, ahora agregamos la genética reproductiva, señalan la disyunción, el clivaje que existe en los seres parlantes entre el encuentro sexual y la reproducción.
Por supuesto que quiero hacer la salvedad de que sería absurdo reducir el apasionante tema de la genética a la clonación de humanos.
Obviamente sería desconocer el singular avance que implica el uso de la genética en medicina, en la terapéutica precisamente. Y quizás nos convenga seguir el camino del australiano Alan Trounson que, válganos el chiste, es uno de los padres de las técnicas de fertilización asistida, y que se dedica ahora a la investigación de las stem cells, células que, recogidas en los primeros estadios del desarrollo del embrión -tomado a su vez de los que se descartan en la fecundación in vitro-, tienen la potencialidad de generar prácticamente todos los tejidos del organismo. Al venir a Buenos Aires hace un par de meses explicó que era posible crear carne de corazón para sanar enfermedades cardíacas, y decía: Creemos que también vamos a poder curar la ceguera, la diabetes, enfermedades del sistema nervioso como el Parkinson y el Alzheimer, la fibrosis quística.
¡Quién podría estar en contra de semejantes prodigios!, más los que se aseguran en no muchos años más acerca de la curación de distintos tipos de cáncer.
Y esto sólo para mencionar algunos cuantos usos de la tecnología genética.
Pero hay temor, hay malestar, los ejercicios con las razas en el siglo pasado hacen suponer que será la genética el malo de la película que creará los especimenes que Aldous Huxley ya contaba en las primeras décadas y que nos angustiaron hasta enterarnos que se trataba de su metáfora anticomunista. Pero la advertencia no es en contra de los avances científicos sino de su uso por los aparatos de poder, sea el político o el económico corporativo. Crear ejércitos de clones ha sido uno de los temores. Absurdo, quién precisa ejércitos de personas que pueden ser destruidos por un puñadito de aviones. O como decía irónicamente Saramago en una entrevista por internet que le realizaron a propósito de la salida de su libro El hombre duplicado: “Si ya somos seis mil millones de personas en el mundo. ¿Me puede decir para qué sería útil clonar más gente?”
El acento que la sociedad puso hace algunos años en la fertilización asistida se ve desplazado hacia la terapéutica, de los embriones congelados para el primer uso, y, que ya sabemos, los éxitos son muy inferiores a los fracasos, resulta que esos embriones que eran descartados pueden ser mucho mejor utilizados en la terapéutica existente y por venir.
Durante el siglo XX, con el auge de los desarrollos sociales, se produce una filosofía humanista de la tecnología, que identifica la tecnología moderna con el ámbito de la producción y uso de artefactos materiales, que incluye tanto los procedimientos, métodos y procesos implicados como los artefactos mismos. Y por supuesto la advertencia que realiza esta corriente es que el desarrollo de la tecnología moderna va en contra de los grandes logros culturales y pone en peligro los valores humanos superiores e incluso la misma esencia del hombre. Y se promueve un programa filosófico que no sólo desconfía de la tecnología sino que va dirigido a frenar o interrumpir el desarrollo tecnológico. Carl Mitcham es unos de sus defensores. Tenemos luego la corriente contraria, quien con Bunge a la cabeza, no sólo defiende que el desarrollo tecnológico no representa ningún peligro para la cultura, sino que es la clave del progreso humano.
La interpretación de la filosofía apunta a integrar la ciencia y la técnica como componentes de la cultura occidental contemporánea, y se aparta con John Dewey, por ejemplo, de la reducción de la tecnología al ámbito de los artefactos materiales, para considerarla como el conjunto de las capacidades humanas, incluidos los desarrollos tan culturales como el lenguaje, la lógica y la filosofía como las formas de organización social y política.
Después de la segunda mitad del siglo XX asistimos al desarrollo de las tecnologías como formas de vida, en tanto las innovaciones tecnocientíficas han modelado las formas de vida, tanto en los entornos materiales como en los interpretativos y valorativos. Incluso se habla de tecnociencias dejando de lado completamente la separación entre ambas.
Es verdad que todo ese desarrollo ha producido otras complicaciones. Manuel Medina en un texto muy rico llamadoCiencia-tecnología-cultura del siglo XX al XXI, ha caracterizado a las innovaciones tecnocientíficas como la proliferación de híbridos. Estos surgen del embrollo de las divisiones esencialistas y consisten en los productos del entramado de ciencia, tecnología, política, economía, naturaleza, derecho y por supuesto ética. Cuando esos híbridos se producen, se implantan, comienzan a alzarse en su contra las voces éticas desde diversos ámbitos, desde la misma ciencia, desde la política, la sociedad, la moral, la religión y la cultura.
¿Cuáles son los híbridos más habituales hoy?: los implantes electrónicos en el cerebro, la clonación de animales, la congelación de embriones humanos, las píldoras abortivas y postcoitales, el Viagra, los psicofármacos como el Prozak, los entornos de realidad virtual producidos por las computadoras, Internet, etc., etc. Pero ¿en qué punto de nuestra vida no están más o menos presentes?
Se evapora la demarcación entre naturaleza, tecnociencia y cultura como sistemas cerrados del objetos puros y estos a su vez se van delimitando mutuamente.
En esta época del Proyecto Genoma Humano se puede pensar a la naturaleza como un objeto manufacturado y tanto la ingeniería genética y las biotecnologías están dando paso a una naturaleza extraída del laboratorio y transformada en real, en la que se instaura también un conservacionismo ecológico dirigido no sólo a preservar sino a mejorar las especies existentes.
En definitiva ¿qué lugar ocupa el saber en la ciencia?
Después de lo que venimos planteando podemos entender que la ciencia no es una lectura de la naturaleza sino que el saber de la ciencia se pone en el modo de determinar lo real. Es decir, que ese discurso no solamente implica que se pueda acceder a lo real sino que lo toca, lo transforma. En lo que hace a la genética humana se dice que los avances no tocarán al hombre y ya sabemos cómo los toca y tocará. Sabemos también que ni los comité de ética ni las leyes detienen la proliferación de sus objetos humanos.
De lado del psicoanálisis
No necesitamos darle un tono trágico de lo que sucede, en todo caso ver cómo es la intervención de los analistas en el concierto de los modos de vida que signan a cada época.
Lacan en todo caso ha puesto siempre el acento en el aspecto cómico e incluso sería más del lado del chiste por donde se podría encontrar las salidas.
¿Pero las salidas a qué?
El discurso de la ciencia daría la ilusión de un dominio de lo real o que incluso se dude de lo real, si planteara que el saber y lo real son lo mismo. Para el psicoanálisis, lo que orienta su práctica es lo real en cuanto es el síntoma, aquello de lo que se sufre, que no se lo reduce a ser un saber en lo real sino un sentido en lo real.
Pero no voy a adentrarme más en esto sino para verlo desde un lado más bien cómico.
Tomemos el cuco de esta historia, y pensemos en quienes podrían ser los posibles candidatos para la clonación de las personas. Pensemos en las parejas que desean tener un hijo pero por algún motivo no pueden, por ejemplo uno de sus miembros es infértil, o que se trate de dos individuos del mismo sexo. Supongamos que como no pueden tener hijos por las vías conocidas, no es necesario que las comente, se decidan por la clonación. ¿Se pondrán tan fácilmente de acuerdo acerca de quién de los dos tendrá su réplica? ¿Me clonan a mi o te clonan a vos? No quisiera imaginar el momento en el que tengamos que recibir en el consultorio a personas que aparezcan con esa inquietud. Yo quisiera que sea ella, porque no quiero traer al mundo a alguien tan inseguro como yo. O tan miope. O al revés, sujetos tan narcisistas que quieran tenerse a sí mismos varias veces, o incluso como he escuchado contar que existe un banco de espermas de los premios Nóbel para reproducir y reduplicar a los genios. Especialmente porque hacen existir un banco de genios al suponer que una humanidad con muchos como ellos sería mucho mejor que la actual.
O supongamos un hombre que ama a una mujer, ¿por qué no querrá tenerla, pero unos años mas joven?
La dimensión de lo cómico que suscita este modo de plantear las cosas, obviamente señala al falo, que a esta altura parece un pequeño apéndice excedente del cual podemos olvidarnos para la reproducción humana.
Como decíamos al comienzo esto tiene una razón, la disyunción entre lo real de la sexualidad humana y la reproducción animal no hace mas que repercutir en la ausencia de una pulsión reproductiva en el inconsciente. Y como allí hay un agujero fundamental, entonces algo viene en su lugar a no dejar de escribirse.
Para el psicoanálisis es el síntoma es eso que viene en ese lugar, con un lado de regularidad, de ley que es particular a cada sujeto y un aspecto real, también propio de cada quien. Hay para cada uno de lo sujetos que hablan un síntoma, y eso quiere decir que al nivel de la especie hay un saber que no está inscripto en lo real. Y ese saber que no está escrito en lo real es el saber que concierne a la sexualidad, con la que cada uno se las arregla como mejor puede. Y en ese devenir, algunos la pasan mejor que otros.
Al nivel de los animales está el instinto que dirige de forma invariable y típica hacia el partenaire para cada especie. A nivel del deseo, en los parlantes se verifica que es más una pegunta, es más bien la perplejidad que cada uno tiene sobre el problema. Y sabemos que al nivel de la pulsión no hay nada que de una seguridad al nivel de lo sexual en cuanto al Otro.
Si hay síntoma no hay un saber en lo real que concierne a la sexualidad.
¿Cómo es posible captar en la experiencia analítica la ausencia de saber en lo real? Se nota fundamentalmente en los relatos que escuchamos, que ubican en cada caso, en cada sujeto aquello que implica como función determinante en su vida, un encuentro azaroso que lo marca y se puede decir eso no estaba escrito, no estaba previsto. Un mal encuentro por el que alguna instancia estalla, y luego en sus relatos el sujeto le atribuye la causa de su orientación sexual, o su falta de elección sexual. Pero también se capta que ha habido ciertas palabras que se cargan de libido, que atraen libido y que hacen a un sujeto decidir los investimentos fundamentales que condicionan luego los modos en los que se relacionará sexualmente. Y luego cómo el goce sexual se presenta bajo las especies del traumatismo. O sea, como no preparado por el saber, como no armónico con lo que estaba ahí.
La constancia que captamos en esos casos es la contingencia. La constante es la misma variabilidad. Y la variabilidad es que no hay un saber preinscripto en lo real en este sentido. Y es la contingencia la que decide el modo de goce de un sujeto.
¿La genética es ética?
Como lo plantea Alejandro Tomassini Bassols en su estudio Genética, sociedad y filosofía, es que la determinación de los individuos no es un fenómeno nuevo. La única diferencia es que ahora puede hacerse con mayor pulcritud y de manera más efectiva. Bien, tiene razón. Pero, ¿acaso la contingencia queda reducida a la necesidad o al simple anhelo? De hecho, no hay saber que logre reducirla. Recuerden la película La mosca y ahí tenemos el ejemplo de la contingencia elevada al sujeto-mosca.
¿Habrá cambios en las familias a partir de la técnica genética aplicada a la reproducción humana? Sí, seguramente. ¿Serán cambios aterradores? No lo creo. Dependerán también de la contingencia.
Freud entiende que la familia es el Edipo y el motor es la castración. Cada uno, clonado o no, tiene que vérselas con ese lazo y la misma neurosis infantil es la construcción que el sujeto inventa para responder al enigma que le impone la relación de los padres. La novela familiar implica el ciframiento en el que se presentifican los deseos del padre y de la madre. La catástrofe se presenta cuando, por las vías más supuestamente normales un hijo es el producto de un no-deseo.
El nombre del padre no tiene que padecer la ausencia de la persona, a veces se padece de una excesiva presencia, como cuando el padre impide a la madre ocuparse de sus hijos. El que deberá advenir como sujeto, aún nacido por la intermediación de la ciencia, deberá ubicar en la estructura del Otro, el deseo que lo ha generado, y hacerse responsable de él. Lo que no coincide con el nacimiento y, por lo tanto, es evidencia de que los genitores pueden ser sustituidos.
Lacan ha desplazado la cuestión de la pareja conyugal, el padre y la madre, al vínculo entre un hombre y una mujer. Y es donde ubica el abismo, ese vacío que señala la falta de proporcionalidad entre los sexos.
Cuando señaló en los años ‘60, que la fuerza de la costumbre podría llevar a inseminar artificialmente a mujeres en sedición fálica con el esperma de un gran hombre, no se trataba necesariamente de la concepción de una reivindicación fálica típica en la histérica, ni la reivindicación de los sujetos sadianos a gozar como les parezca a partir de un derecho universal a todo. Pensamos que pudiera tratarse del anuncio, de una profecía de un brutal intento de retorno del sometimiento del goce femenino a un fundamentalismo. De hecho lo hemos visto en los últimos años. Pero imaginemos un fundamentalismo que tenga como objetivo, por ejemplo, la instalación de una raza de grandes hombres. Eso no sería un problema específico de las mujeres, ni de los padres, ni producido por la tecnología genética. Y si algo de histeria hay en esto, es porque sabemos cómo históricamente ha sido objeto de sacrificios y persecuciones, hasta que Freud descubrió el modo de escucharla, lo que hizo disminuir parcialmente ese efecto.
Si es el goce femenino el rechazado, en tanto es la clara expresión de la falta de proporción en la sexualidad humana, ni la ignorancia, ni el desvarío de la mirada, ni la ignorancia ni la impugnación a la ciencia, pueden cambiar un ápice lo que una decisión política permite sostener.
Para hallar alguna respuesta el análisis de los sujetos podrá unir en sus consecuencias lo que le ofrece la lógica colectiva y lo que la acción analítica logre efectivizar en el concierto social.
Lacan se preguntaba muy al comienzo de su enseñanza: ¿Por qué no hablan los planetas? En principio no lo hacen porque se desplazan y reaparecen siempre en el mismo lugar. Pero nosotros los hemos hecho hablar. Nosotros los hemos hecho hablar, y sería un gran error no preguntarnos cómo es esto posible. Durante muchísimo tiempo y hasta una época muy avanzada, les quedó el residuo de una suerte de existencia subjetiva. Nunca se sabe lo que puede ocurrir con una realidad, hasta el momento en que se la ha reducido definitivamente inscribiéndola en un lenguaje. Sólo se está definitivamente seguro de que los planetas no hablan a partir del momento en que se les ha cerrado el pico, o sea, a partir del momento en que la teoría newtoniana produjo la teoría del campo unificado, y bajo una forma que se completó después pero que ya era perfectamente satisfactoria para todas las mentes humanas. La teoría del campo unificado está resumida en la ley de gravitación, que consiste esencialmente en que hay una fórmula que mantiene todo esto unido.
Ahora podemos preguntarnos. ¿Hablan los genes?
El problema de saber si hablan no queda resuelto por el sólo hecho de que no responden aunque tienen un lenguaje. No estamos tranquilos: un día algo puede sorprendernos. No caigamos en el misticismo, decía Lacan, no acabaré diciendo que los átomos y los electrones hablan. ¿Pero, por qué no? Todo es como si. En todo caso, la cosa se demostraría a partir del momento en que comenzaran a mentirnos. Si los átomos nos mintieran, si se las dieran de listos con nosotros, quedaríamos justificadamente convencidos.
La comunidad analítica tiene una función para cumplir en un trabajo que excede los límites del consultorio, así como la comunidad científica emerge de los límites del laboratorio.
Hay una voz en cada disciplina que debe ser escuchada, dando razones, encontrando argumentos, oponiendo posiciones, en una palabra, dando una orientación contra el silencio.
(*) Publicado en Analítica del Litoral Nº 10, Diciembre 2006. Publicación de la EOL Sección Santa Fe, UNL Ediciones.

PSICOSIS Y EVALUACIÓN

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Adolfo J. Santamaría

El trabajo en la sanidad pública proporciona lo que denominaría como un privilegio en tanto permite la “escucha” de algunos sujetos que difícilmente podrían llegar a nuestros gabinetes.
La labor psicoanalítica en el campo de la “salud mental” es una cuestión que, aunque compleja, no dejamos de afrontar en el día a día, y la que no procuraremos resolver no tanto por la impotencia frente a su resolución, sino por la necesidad de mantener ese imposible que nos permite seguir interrogándonos qué hacemos, cómo lo hacemos, y hacia dónde nos dirigimos en nuestra práctica. Es una primera forma de evaluación, evaluación propia, de nuestra práctica, la que nos interroga en nuestra práctica particular, que toma forma de modo singular, en la experiencia analítica y del control.
Es cierto que el trabajo orientado en nuestra “buena manera”, al ser realizado en una comunidad aparentemente heterogénea (interdisciplinar) es fruto de evaluación, de forma cotidiana, por parte de esta. Apuntamos, entonces, una segunda forma de evaluación a la que nos vemos sometidos, más allá de los datos estadísticos, evaluación de nuestro modo de hacer. El encuentro con esta segunda forma evaluación, que bien podríamos denominar evaluación ambiente es muy penalizadora, hay algo, se nos dice, que “no se entiende”.
Creo pues, que como miembros de esa comunidad –aparentemente heterogénea- a la que pertenecemos, en tanto ofrecemos nuestros servicios de “terapia” psicoanalítica como psiquiatras, psicólogos, trabajadores sociales o enfermeros –aunque pueda no explicitarse según las circunstancias de trabajo- va de suyo que se hace conveniente que “respondamos” a esta demanda de evaluación, habida cuenta de poner a la luz lo que el título de lo que este foro ilumina, precisamente “lo que la evaluación silencia”. Eso es de lo que se trata.
¿Por qué tomar la psicosis como marco de la evaluación? Porque en el tratamiento de la psicosis nos encontramos con un grupo de población que una vez entra en la red asistencial pública permanece en ella, precisamente, comoobjeto de evaluación. Se va a procurar, dicho en términos de la evaluación, que tenga adherencia terapéutica, concepto clave para el funcionamiento del propio sistema evaluativo. Esta evaluación precisa de una psicopatología psiquiátrica “guiada” por los estándares establecidos por las sociedades psiquiátricas y sus managers, las firmas farmacéuticas. De todos es sabido el papel “normativizador” y “evaluador” que las diferentes ediciones del DSM han tenido en esta cuestión. Tenemos, entonces, un tercer modo de evaluación, que podría nombrarse como evaluación guiada y que tiene su paradigma en la práctica psiquiátrica bajo la denominación de “continuidad del plan de cuidados”
Tres modos de evaluación, donde la primera contempla la praxis clínica y ética de un practicante del psicoanálisis en el campo de la salud mental; la segunda, la evaluación ambiente, equiparable a un juicio de valor e intención por parte de esa comunidad aparentemente heterogénea, que no es otra que una versión más de las formas en como el discurso del amo utiliza sus resortes –por esta misma razón la apariencia de heterogeneidad es ilusoria- y una tercera forma de evaluación, la evaluación guiada donde como “profesionales de la salud mental” nos vemos compelidos a responder habida cuenta cada uno de nuestra formación analítica.
Retorna irremediablemente, como un bucle, la primera aproximación que hemos planteado, la evaluación sostenida en lo imposible de nuestra posición.
Por nuestra parte propusimos, un programa de trabajo e investigación “Aquiles” y del que dimos cuenta en cuatro sesiones clínicas en nuestro ámbito de trabajo y en dos seminarios clínicos en el campo freudiano, y que aparecerá publicado en las actas del tercer coloquio “Arte Psi” de Creaturas (Bilbao. Diciembre 2010).
Nuestro programa de trabajo e investigación tuvo un referente central que fue la práctica entre varios implementada por Antonio di Ciaccia y elevada a la categoría de paradigma de respuesta al discurso del amo (institución) por J.-A. Miller. En esta orientación tuvimos oportunidad de profundizarla con diferentes autores (E. Laurent, A. Zenoni, A. Vaschetto y J.F. Lopez) a los que me referiré brevemente con la intención de aportar a nuestro Foro cuatro referencias que iluminan nuestros interrogantes sobre lo que la evaluación silencia.
La diferencia entre la primera y la tercera evaluación, es la diferencia entre situarse como sujeto afecto de una división constituyente y el “sin remedio” de ser objeto de goce del Otro de la salud (mental). En ningún caso, entiéndase bien, la dimensión asistencial, de la que da buena cuenta A. Zenoni (En los márgenes del lazo social. Cuadernos de psicoanálisis, nº 28)en sus trabajos, tiene o debe de quedar elidida en el campo de la psicosis, sobre todo, si el tratamiento se produce en una institución. Pero esa dimensión no debe ser utilizada como dique de “contención” de cualquier traza de subjetividad, de emergencia del “sujeto del lenguaje” que se constituye en la segunda dimensión,dimensión clínica.
En un tiempo no muy lejano, 1996 - 1998, irrumpió en nuestra comunidad analítica de la mano de J. A. Miller, el concepto de psicosis ordinaria. Como nos indica E. Laurent (La psicosis ordinaria. Buenos Aires. 2006) esta nominación supone la conclusión de un programa que terminó en 1998, y que viene a nombrar de manera llamativa lo que en realidad es un programa de investigación, y que sigue siéndolo más que una categoría diagnóstica, más que una categoría sintomática.
El surgimiento de este programa de investigación representó el modo en cómo se enfrentó desde nuestra comunidad analítica lo que era el contexto del psicoanálisis en los años 90: el éxito de los “estados límites” . En ese ámbito se produjo, en primer lugar, la extracción del campo de la psicosis los denominados “estados límites” dando lugar a una clínica que no se sostenía tanto en la sintomatología, sino mas bien en el equilibrio dinámico entre los procesos neuróticos y psicóticos, buscando equilibrios en los estados límites, separando las personalidades bordeline de la psicosis como tal.
Por otra parte, sus promotores, negociaban mantener un eje diagnóstico en el DSM, centrado en los trastornos de la personalidad. Se procuraba entonces, como señala E. Laurent, un proyecto bastante amplio: el de negociar el lugar del psicoanálisis con la clínica biológica y la construcción de una nueva concepción del psicoanálisis.
El concepto de psicosis ordinaria viene como respuesta a ese proyecto de los años ‘90 liderado por O. Kernberg, centrado en una relectura de los procedimientos de defensas del Yo. La respuesta, el programa de 1998, supuso la promoción de la pareja S1 –a, que subraya que el significante no va sin su vertiente de goce. El psicoanálisis, lacaniano, no se entiende como psicodinámico, es radicalmente económico y tópico(lógico).
Si la psicosis ordinaria abre interrogantes en torno a las nuevas formas de conversión, desencadenamientos y transferencia, donde la idea de la construcción delirante ha dejado paso a la búsqueda de abrochamientos de lo real, lo simbólico y lo imaginario, de ello la promoción del S1, se trata entonces de un modo de abordar la clínica siendo este el programa de investigación a desarrollar.
Nuestra evaluación tiene que ser esta, la de conocer cómo conseguimos estos efectos y cómo se mantiene… sin que haya necesidad de construir una enorme construcción delirante que separa al sujeto del discurso común y que solo le permite recuperarlo después de un largo recorrido.
El programa de investigación que representa la psicosis ordinaria se ubica de modo inverso a cualquier programa de evaluación basado en la elaboración de criterios psicoanalíticos u otro tipo de criterios; se trata de rechazar de manera decisiva, y explicitar por qué, la evaluación es una perspectiva completamente errónea con la cual no hay que negociar. Hay que denunciar esta perspectiva como lo que es: un management de las sociedades desarrolladas inventado por la angustia de discurso del amo que no sabe cómo hacer y que ha sido seducido por una falsa ciencia.
Esta es la perspectiva en la E. Laurent nos orienta en su texto de 2006; frente a la evaluación respondemos conprogramas de investigación, donde caso por caso, se trata de elucidar los puntos de capitón que permiten una clínica de la suplencia.
En esta perspectiva, en la promoción del significante, habida cuenta del goce que lleva aparejado, un texto de 2009 escrito por J. F. Pérez y publicado en “Inconsciente y síntoma” (XV Jornadas Anuales de la EOL) nos orienta en esta vía de investigación abierta con la psicosis ordinaria. Plantea dos concepciones del psicótico, la que introduce Lacan en el Seminario de 1956, mártir del inconsciente, y la que se sitúa en el otro polo de su enseñanza, Seminario 23, la de desabonado del inconsciente.
La pregunta de J. F. Pérez es si se puede dar las dos posiciones en un mismo sujeto: es posible para el sujeto psicótico hacer efectiva la travesía entre la posición de mártir y la de desabonado. Aquí es donde lo que nos indica J.-A. Miller al respecto de la psicosis ordinaria pudiera encontrar, también, un lugar: en qué medida un capitonaje a través de un S1 pudiera hacer “la contra a lo real”, y poner a resguardo al sujeto de ese goce – invasivo - del Otro, que en la psicosis ordinaria se desliza en el silencio. Materia pues a tener en cuenta en ese proyecto de investigación.
Ahora, para concluir, queremos referirnos a un tercer texto, en realidad un libro compilado y editado por E. Vaschetto, “Psicosis actuales. Hacia un programa de investigación acerca de las psicosis ordinarias” y que nos animó a la constitución de un cartel que viene trabajando en la sede de Valencia con el título, inspirado E. Vaschetto, “La clínica pobre de la psicosis: ¿a la espera del delirio?”. Para nuestro propósito – hacer manifiesto, si es posible, algo de lo que la evaluación silencia – tiene que destacarse el trabajo “Incurables”, un texto que da cuenta de un praxis institucional orientada lacanianamente, que pone en el foco que la adherencia al tratamiento sólo es posible pensarla, y hacerla realidad efectiva, desde la transferencia analítica. Este es uno de los elementos cardinales que la evaluación silencia: “que el saber tiene un sujeto”; cualquier otra intervención genera una política basada en el equívoco de la sugestión, que toma cuerpo en el denominado furor sanandi.
Lo que la evaluación silencia, para nosotros, es que frente a la imposibilidad de dar un lugar a los psicóticos como sujetos, sujetos del lenguaje, los convierten en objetos de la ciencia por la puerta de la neurociencia –química, biología y genética-. Silencia de igual modo, y por ello la proliferación de los programas de continuidad de cuidados, el abandono de la clínica psiquiátrica clásica, lo que convierte al psicótico en un “cerebro en una cubeta” (J. Dancy) al que se le niega cualquier credibilidad, ningún saber y se le sitúa de modo reiterativo en posición deficitaria, que creemos que subraya de forma paradigmática lo que hemos querido señalar como evaluación guiada.
Desearía concluir esta pequeña reflexión con este breve fragmento:
Si las cosas del hombre, algo de lo que en principio nos ocupamos, están marcadas por su relación con el significante, no se puede usar el significante para hablar de estas cosas como se usa para hablar de las cosas que el significante ayuda a plantear. En otras palabras, ha de haber una diferencia entre la forma en que hablamos de las cosas del hombre y la forma en que hablamos del resto de las cosas. (Lacan. S.V. Las formaciones del Inconsciente. P. 363).

Bibliografía
(1) E. Laurent (2006) La psicosis ordinaria. ¿Cómo se enseña la clínica? Cuadernos del Instituto Clínico de Buenos Aires, 13ICBA.
(2) A. Zenoni (2003) En los márgenes del lazo social. Cuadernos de psicoanálisis, 28.
(3) J. F. Pérez (2009) Dos fórmulas de Lacan sobre las psicosis y el inconsciente. Inconsciente y síntoma. XV Jornadas Anuales de la EOL) Colección de Orientación lacaniana. Ediciones Grama
(4) E. Vaschetto (compilador) (2008). “Incurables”. Psicosis actuales. Hacia un programa de investigación acerca de las psicosis ordinarias. Ediciones Grama.
(5) Lacan (1958). S.V. Las formaciones del Inconsciente. p. 363. Ediciones Paidos.
(6) J. Dancy (1985).Escepticismo. Introducción a la epistemología contemporánea. p. 24- 26. Ed.Tecnos.

Entrevista sobre "O Seminário" com François Ansermet

JACQUES-ALAIN MILLER - AME, Membro da EBP, ECF, ELP, EOL, NEL, NLS e da Associação Mundial de Psicanálise – AMP. 
Endereço eletrônico: jam@lacanian.net

Resumo: Nessa entrevista, Miller descreve o trabalho que realiza em relação aos Seminários de Lacan como um estabelecimento de texto. Ele afirma que a diferença entre seu trabalho e as tentativas precedentes é que ele anulou suficientemente a própria particularidade para poder restituir a articulação lógica do ensino de Lacan através da escrita. Miller se coloca numa posição tal que pode escrever eu [je], e que este eu seja aquele de Lacan. Dessa forma, Miller decide do sentido, restitui o sentido do que passará ao escrito, quando os meandros da expressão oral o obliteram.
Palavras-chave: Seminários de Lacan; estabelecimento de texto; expressão oral; expressão escrita.


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