sexta-feira, 16 de março de 2012
HOMEM DOS LOBOS – UM NOME PARA SERGUEI*
HOMEM DOS LOBOS – UM NOME PARA SERGUEI*
Carmen Silvia Cervelatti
Membro da EBP e da AMP
Conheces o nome que te deram, não conheces o nome que tens. Livro das Evidências
A vida do Homem dos Lobos, diferentemente dos outros casos freudianos, foi uma vida psicanaliticamente pública e publicada até seus últimos dias, quando morreu aos 92 anos de idade. Graças a essas publicações, podemos ter acesso aos desdobramentos de suas análises com Freud e Ruth Mack Brunswick. Chamou-me a atenção encontrar no livro de Karin Obholzer [1] o fato dele referir-se como Homem dos Lobos ao atender ao telefone.
É digno de nota que o Homem dos Lobos, Serguei Pankejeff, além de se identificar socialmente como Homem dos Lobos, raramente usou de seu patronímico Constantinovitch. O patronímico é o nome do pai justaposto ao do filho nos nomes completos russos, ele indica de qual sujeito Serguei é filho.
Além das teorizações em torno ao nome próprio, que não tratarei neste trabalho, em nossa sociedade, o nome próprio diz respeito ao uso do sistema de parentesco, envolvendo a transmissão de patrimônio, que é individualizada, segundo o Código Civil. Neste sentido, acredita-se que se tem um nome próprio, mas, na verdade, o nome recobre um quantum de gozo. Éric Laurent salienta que na Psicanálise isto foi percebido, embora de maneira obscura. São conhecidos alguns casos de Freud, como nome de objetos particulares, como nomes de objetos de gozo – por exemplo, o Homem dos Lobos ou o Homem dos Ratos, que foi assim batizado, pois o rato era um objeto central, condensador de gozo, causa de horror para aquele sujeito. "O nome enquanto nome de gozo é apagado na ilusão de sermos nomeados enquanto indivíduos, mas ele se revela pelo uso que o mercado de nomes faz dele. O nome fica reduzido a um princípio de identificação." [2]
Homem dos Lobos ganha função de nome – um nome de objeto de gozo – que passou a funcionar, pelo processo de transformação, como um signo desde que veio representar alguma coisa para alguém, segundo a concepção de Charles Sanders Peirce. Seja esse alguém o próprio Serguei Pankejeff, ou qualquer um do conjunto formado pelos psicanalistas e estudiosos da obra de Sigmund Freud. É nesse contexto que essa denominação teria função de nome próprio desde que é aí que todos sabem a quem essa denominação se refere, ou seja, há uma significação instantânea, imediata e comum a todos: é o paciente de Freud que sonhou com lobos que olhavam para ele, desenvolvendo, em seguida, uma fobia de lobos. Não podemos nos esquecer de que ele, enquanto Homem dos Lobos, sempre esteve sob o olhar de, no mínimo, um psicanalista. Mas continuamos ainda com a pergunta: que função teve para o sujeito apropriar-se desse nome? Afinal, ele se apegou, em vez de apagá-lo, ao nome de gozo e fez uso deste.
"Há o nome próprio que se faz com o Nome-do-pai, e o que se faria sem o Nome-do-pai. Foi com Joyce que Lacan introduziu em seu ensino essa hipótese, em suas conseqüências clínicas, de um nome próprio feito sem o Nome-do-pai, no 'fazer para si um nome'" [3]. Da mesma maneira que acompanhamos Lacan nessa leitura, ao nomear o escritor James Joyce como Joyce, o sinthoma, acompanhamos Éric Laurent em sua elaboração de que o "nome próprio do Homem dos Ratos é o rato enquanto objeto de horror"[4], pois o nome próprio pode ser feito com um ciframento particular do gozo.
E em nosso caso? Por que lobo? Como ponta da flecha que atinge o alvo está lá o lobo deflagrando a angústia nessa criança quando sonhou com os lobos. Através da análise do sonho delimitou-se, metonimicamente, o objeto fóbico na figura do lobo em pé, no livro de figuras. Durante sua análise com Freud, esse sonho foi o ponto central, um elemento condensador, que obteve uma função fundamental por possibilitar uma série metonímica e por condensar a angústia de castração. Depois de terminada sua análise com Freud, LOBO continuou sendo o objeto privilegiado de Serguei, objeto viabilizador de gozo, de satisfação pulsional, demonstrado dedutivamente pelo seu apego a esta identificação: "eu sou o Homem dos lobos". Então, o nome próprio do Homem dos Lobos é o lobo enquanto objeto a ser evitado, mas também é o objeto que fixa a posição do sujeito como aquele a ser olhado, ele se fez ser visto enquanto Homem dos Lobos.
Ainda a propósito, quero salientar a parte do texto freudiano dedicada à cena com Grusha, no Capítulo III, o sonho com a Wespe mutilada em Espe (que não quer dizer “vespa”, como ele pensara). Frente à pontuação de Freud, Serguei dá uma solução: "Mas Espe, então, sou eu mesmo: S.P."[5], ou seja, diante do enigma da castração, Serguei responde com letras, as letras que são as iniciais de seu nome. Esse sonho veio esclarecer uma lembrança recorrente em sua análise, mas que até então estava solta e isolada. Recapitulando: havia uma lembrança desarticulada, um sonho vem dar-lhe uma simbolização, vem dar-lhe um lugar no material associativo produzido pela análise, e, ao final, frente ao inconsciente cifrado, ele responde com as letras de seu nome: S.P sou eu.
Lacan explicita a nomeação que se dá em cada um dos três registros: a nomeação do Imaginário coincide com a inibição, a nomeação do Simbólicose dá na forma de sintoma e a nomeação do Real se passa como angústia. Com esses dados podemos tecer outra articulação ao sonho gerador de angústia – os lobos se portam como elemento condensador, é a própria presença do objeto de gozo, que vem dar nome ao real. Essa nomeação circunscreve, delimita, põe limite e parada à angústia, que passou a ser deflagrada somente quando o menino via a figura do lobo em pé, no livro de figuras, situação facilmente evitável. Os lobos do sonho vieram circunscrever e permitir nomear algo do Real, sem passar pelo Simbólico, vieram circunscrever a angústia para esse sujeito, metaforizada ou representada emLOBO. A lembrança desse sonho no trabalho de análise fez aparecer outros contextos encadeados a lobo. A partir desse momento, e neste sentido, LOBO obteve valor de puro significante. Um significante que veio simbolizar algo, que está no lugar de. Aqui acompanho Agnès Aflalo[6], que a neurose infantil, mais especificamente a fobia, serviu-lhe de suplência à foraclusão do Nome-do-Pai, uma vez que a fobia de lobo deu algum contorno, amarrou os elos soltos, de alguma maneira funcionou como uma solução para aquele menino.
Encontram-se mais subsídios para nossa questão, com Jacques-Alain Miller em seu Seminário A Orientação Lacaniana III – Le lieu et le lien [2000-2001], de 10 e 17 de janeiro de 2001: "Por que Lacan, num dado momento, pôs-se a glosar sobre a nomeação em seu último ensino, e cuja argumentação nem sempre aparece desdobrada? Por que o problema da nomeação? Porque a nomeação é uma suposição. É a suposição do acordo do simbólico e do real. É a suposição de que o simbólico se harmoniza com o real. [...] O nome próprio é um ponto de capitonê, não entre significante e significado, mas entre simbólico e real, a partir do qual nós nos situamos com relação às coisas, ou seja, com o mundo enquanto representação imaginária."
Sob a forma do nó borromeano, Simbólico e Real permanecem disjuntos, mas não mais separados. Há duas formas de articulação: o nó borromeano e a cadeia de significantes; todavia, somente no nó os elementos permanecem disjuntos. Embora esteja lá cada um por si e numa não-relação radical entre si, eles devem ser tomados em uma relação [7].
"Se nós não supomos esse acordo milagroso do simbólico e do real, então é preciso um ato. Esse ato não pode ressaltar senão o ponto de capiton primordial que é o Nome-do-Pai. É por isso que Lacan faz dele o pai do nome, o pai que nomeia, aquele que assume o ato de nomeação e, através disso mesmo, que liga o simbólico e o real."[8] Com isso, não podemos colocar Freud ou quem quer que seja que tenha apelidado esse paciente, como o pai que nomeia. Quando Freud tomou a iniciativa de recolher fundos entre os psicanalistas para prover o Homem dos Lobos, esse ato pode ser imaginariamente tomado dessa maneira, como uma atitude paternal.
Há alguns elementos privilegiados que guardam uma relação íntima entre si. A cena primária (trauma primordial) funciona como um primeiro elemento e passa a dar lugar a sucessivos desdobramentos que localizam a relação de Serguei com o pai. Ele queria obter satisfação do pai, queria dele receber o presente duplo (pelo aniversário e pelo Natal) e queria também ser o seu único herdeiro. Quis provas de amor do pai.
Apoiar-se na posição de rico recobria a relação narcísica com o pai. Serguei perde todo seu patrimônio e volta a procurar por Freud, que lhe dá dinheiro. Percebe a doença de seu primeiro analista e tem um episódio paranóico, hipocondria, que, segundo a sua psicanalista na época, estava sustentada sobre uma megalomania de crer-se como o filho favorito de Freud, já que não o fora de seu pai.
Os "ataques" de Brunswick desmantelando a crença na posição de filho favorito de Freud levaram a uma mudança no paciente que, segundo os relatos encontrados, resultaram na "cura" desse episódio paranóico hipocondríaco apresentado pelo Homem dos Lobos e a não reincidência até o final de sua vida. Depois de sua "cura", como se pode acompanhar nas conversas do Homem dos Lobos com Obholzer , ele fez-se ver durante todo o restante de sua vida por algum analista – afinal "eu sou o Homem dos Lobos" (o caso mais célebre de Freud).
Finalmente, ter sido apelidado como Homem dos Lobos e, posteriormente, assumir-se como tal, provavelmente, foi uma nova suplência, novamente uma outra amarração, dando contorno a uma vida estável. Funcionou como um ponto de capitonê, como ponto de basta, estabilizador da subjetividade desnorteada desse sujeito. Tanto é que nunca mais teve qualquer outro episódio que pudesse ser chamado de psicótico. Brunswick retirou-lhe sua ficção de filho predileto de Freud, mas, como uma hipótese, podemos propor que tomar "Homem dos Lobos" como nome veio atingir algo do real, algo fora do sentido; o simbólico nomeou o objeto de gozo e deu-lhe um lugar. Assumir-se enquanto Homem dos Lobos permitiu-lhe harmonizar Real e Simbólico, fazendo um grampo, pois isso teve alguma efetividade, até o fim de seus dias.
*Texto publicado no Boletim Um-por-Um no. 29, por ocasião do IV Congresso da EBP – “Clínica da Nomeação” e no Site da CLIPP em: 10/06/2006, “Publicações”.
[1] OBHOLZER, Karin. Conversas com o Homem dos Lobos.Uma psicanálise e suas conseqüências. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1993.
[2] LAURENT, Eric. “Seminário – Sintomas e repetição”, Opção Lacaniana – Revista Brasileira Internacional de Psicanálise no. 31, setembro 2001, p. 20.
[3] LAURENT, Eric. “Os nomes do sujeito”, in Psicossomática e Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1990, p. 28.
[4] Idem.
[5] FREUD, S. “História de uma neurose infantil”. ESBOPC, vol. XVII, Rio de Janeiro: Imago Ed, 1976, pp.118-119.
[6] AFLALO, Agnès. “Reévaluation du cãs de l´homme aux loups”, in Les paradigms de la jouissance – La cause freudiene –Revue de psychanalyse no. 43, octobre 199, p.106.
[7] MILLER, J.-A. “Psicanálise pura, psicanálise aplicada & psicoterapia”, Phoenix – Revista da Delegação Paraná da Escola Brasileira de Psicanálise, p. 38.
[8] Idem, p. 37.
Una política del síntoma
Una política del síntoma: llevar al sujeto hasta su división más próxima, de Miquel Bassols
Una política del síntoma:
llevar al sujeto hasta su división más próxima
Miquel Bassols
1. Si algo se hace hoy manifiesto en el campo heterogeneo de las llamadas psicoterapias es que toda práctica clínica, incluso la que se pretenda más neutra y objetiva, depende de una política. A la fórmula que Jacques-Alain Miller lanzó a principios de los años ochenta como una brújula en el Campo Freudiano, - "no hay clínica sin ética" -, podemos agregar hoy, siguiendo sus últimas elaboraciones sobre las tres vertienes de la experiencia (la clínica, la epistémica y la política), la siguiente fórmula: no hay, tampoco, clínica sin política.
El alcance de esta afirmación no se reduce a la gestión de lo que conocemos como "las políticas de salud mental", y al lugar de avanzadilla que el psicoanálisis debe tener en ese campo. Su alcance va hasta el nudo más íntimo de la relación de cada sujeto con lo que llamamos el goce, - en términos de Freud, con la satisfacción pulsional en la que está comprometido su síntoma.
No se trata para el psicoanálisis de una acción directa en la gestión de la "res publica", una gestión que debe valer para todos, sino, por decirlo así, de una acción sobre la "res privata", una acción uno por uno sobre la cosa más íntima y particular, el objeto causa del deseo que siempre determinará, por otra parte, cualquier política de gestión de la "cosa pública". El alcance del psicoanálisis se mide hoy, más que nunca, por la respuesta que sepan dar los psicoanalistas a este nudo, en lo particular de cada análisis y en lo público de los discursos sociales que giran alrededor de las paradojas del goce.
No hay clínica sin política quiere decir entonces que no hay práctica terapéutica que no suponga una respuesta, implícita o explícita, a la pregunta por la causalidad del síntoma y a la posición del sujeto en el nudo que forman goce y lenguaje.
Es en esta perspectiva que Jacques Lacan podía afirmar en los años setenta que "el síntoma instituye el orden en el que se reconoce nuestra política" . Su proposición del pase en la Escuela es la consecuencia institucional de esta política para hacer avanzar la clínica y el saber del psicoanálisis.
2. Una política del síntoma empieza por saber detectar y situar los efectos de división subjetiva causados por el inconsciente. Es la primera operación del psicoanálisis: abrir la división del inconsciente, la más lejana para cada sujeto, y permitirle así hacerse receptor de su síntoma como un mensaje que hay que descifrar.
¿Cómo llevar hoy al sujeto del síntoma a abrirse a la dimensión del Otro de la palabra y del lenguaje, a interesarle así en el desciframiento de su mensaje inconsciente? Nuestra época parece más propicia a los goces y discursos solipsistas que se fundan en una aparente exclusión del Otro de la palabra, como en esa nueva generación de entrevistadores televisivos que hacen hoy fortuna acorralando a sus entrevistados con la sola estrategia del más puro y estúpido silencio. Habrán visto tal vez cómo rompen, con el peor gusto, cualquier apariencia refinada con el que el entrevistado, desde el más anónimo hasta el más famoso, esperaba saber responder. El efecto cómico que producen es correlativo de la caída del semblante fálico al uso, dejando entrever un goce que parecería no pedir nada al Otro. Y, sin embargo, hacen existir a ese Otro de una forma distinta, con la decepción de una espera.
Podríamos encontrar varias referencias clínicas de esas nuevas formas del Otro, pero me interesa ahora subrayar lo siguiente. Si bien constatamos que esta dimensión del Otro tiende a cerrarse sobre sí misma en una serie de fenómenos de la clínica actual, fenómenos en los que detectamos un goce autista, también es cierto que esa dimensión del Otro se abre de la misma forma en otras direcciones. Y es en esas otras direcciones que el psicoanálisis debe saber tomar hoy la delantera.
3. El síntoma nunca ha pedido interpretación y no debemos sorprendernos de que se adelante así a las nuestras. El síntoma es más bien una botella que el sujeto lanzó al mar, sin destino previo conocido, para intentar hacer un lugar a su ser en el oleaje de los goces y de los bienes ofrecidos a su satisfacción. La estrategia del analista consiste en hacer alcanzable al sujeto mismo esa botella errante, en una suerte de "retorno al remitente", para permitirle abrirla y descifrar su mensaje, aunque la encuentre vacía de significación. Es la condición mínima para una entrada en análisis, condición que un sujeto, del estilo solipsista al que antes me refería, formulaba así: "Cada uno tiene un secreto para sí mismo en la vida. Hay quien se lo lleva a la tumba y hay quien decide ponerse a descifrarlo."
Y todavía habrá que llegar a ese punto donde, como señala Lacan, se demuestra que un enigma descifrado puede seguir siendo un enigma, en especial cuando se trata del enigma por excelencia, el del goce en su relación con lo sexual.
El sujeto se encuentra allí con otra división, que Lacan anunciaba así en su escrito de 1964, "Del Trieb de Freud y del deseo del psicoanalista": "la pulsión divide al sujeto y al deseo, deseo que no se sostiene sino por la relación que desconoce de esta división con un objeto que la causa. Tal es la estructura del fantasma" . Llevar al sujeto hasta el punto más cercano de su propia división implica anudar la división del sujeto del inconsciente, la división del mensaje de su síntoma, con esta otra división producida por la pulsión.
Ahí es donde se aloja la "res privata" de cada sujeto, en lo más próximo de esta división de la que un final de análisis extrae el objeto causa del deseo.
4. Entonces, las tres vertientes de la experiencia analítica, - la vertiente clínica de las posiciones del sujeto frente al goce, la vertiente epistémica del saber que ha sabido producir sobre ella, y la vertiente de la política del síntoma -, se anudan en la división más próxima que el sujeto encuentra frente a la pulsión, y dan su lógica y sentido a lo que hoy conocemos en la Escuela como la experiencia y el dispositivo del pase.
Se trata precisamente de investigar aquí las experiencias de la pulsión más allá del fantasma, una vez se ha extraido de él el objeto causa de deseo como la "res privata" del sujeto.
¿Cuál es la experiencia de la pulsión una vez el Otro de la transferencia deja de existir como sujeto supuesto saber y ha quedado reducido a ese objeto? Propongo una respuesta: la pulsión se iguala al decir del sujeto. Es lo que podemos deducir también de la definición que Lacan daba de la pulsión en 1975: "Las pulsiones son el eco en el cuerpo del hecho de que haya un decir" . La pulsión es entonces la experiencia de goce introducida en cada sujeto por el lenguaje, por el hecho de constituirse como un ser de palabra. ¿Llegaremos a decir que en ese nudo donde se juega la división más íntima del sujeto, la pulsión es el lenguaje, su producto en lo real? Correríamos el riesgo de cerrar lo que en esa división debe mantenerse siempre abierto: que el sujeto que habla, el sujeto efecto de la castración simbólica, sólo se puede contar como un vacío, como una falta en el universo del goce, como un corte producido por la pulsión.
5. Bastará, para hacerlo entender, una breve referencia clínica, transmitida en uno de los carteles del pase del periodo anterior. Se trata de un sujeto que la noche siguiente al día en que percibió la diferencia de los sexos en una compañera de juegos de su infancia, experimentó la angustia más profunda ante lo que define como un agujero sin límites en el cuerpo del Otro. Ese agujero se le apareció en la noche como un montón incontable de nadas que convertían a su propio cuerpo en un agujero indiferenciable de ellas, en un borde pulsional que engullía todo lo que giraba alrededor suyo, todo excepto el borde mismo de los orificios de su cuerpo a los que éste quedaba reducido. Esa experiencia, casi alucinatoria, coincidía con el tiempo en el cual el aprendizaje de la escritura le enseñó a bordear esa nada para darle sus límites y aislarla así como el intervalo necesario para que cada letra sea legible como tal. Dedicó gran parte de su vida a llenar el agujero del Otro con esa nada de sus letras, que así adquirían un valor fálico.
Años después, ese mismo sujeto podía entender a través de su análisis que una palabra verdadera deja siempre una huella, una marca irreversible, una inscripción en lo real, pudo entender que en toda palabra verdaderamente dicha se inscribe una letra que permite leer el ser de su enunciación, el nombre de su ser de goce, perdido en "el mar de los nombres propios", para retomar la expresión de Lacan. Una vez perdido el valor fálico de ese objeto, quedaba su resto real, reutilizable para otros fines. Esa letra no se reducía entonces a la imagen, a la grafía impresa o caligráfica con la que la confundimos en la acción de escribir; tampoco se reducía al símbolo que la convierte en elemento de una cadena significante. Esa letra es lo que Freud abordó con la noción de "inscripción" en el inconsciente y que sólo Jacques Lacan pudo distinguir como un objeto heterogéneo al significante, cifra del ser de goce de cada sujeto en lo real. Este objeto, al final del análisis, se muestra vinculado de manera especial con la pulsión, como su inscripción primera en el sujeto.
Diré entonces lo que me parece una consecuencia lógica cuando el sujeto encuentra esa dimensión al final de su experiencia: la pulsión, esa pulsión que divide al sujeto y al deseo, y que es a la vez el eco en su cuerpo del hecho de ser un sujeto que habla, esa pulsión es lo más cercano a lo que conocemos en la clínica como un fenómeno elemental, es el fenómeno elemental producido por el lenguaje en cada sujeto. Ese fenómeno merece también el nombre de trauma en su sentido más freudiano, es decir, el encuentro con lo real de un goce sexual irreductible a la significación del fantasma que hacía de pantalla.
Al término de esa experiencia de desciframiento que supone un análisis, el sujeto descubre entonces que la botella de su síntoma se ha vaciado de sentido y de goce. Que la botella esté vacía no quiere decir ahora que no haya sujeto ni mensaje sino que el sujeto era la botella vacía misma. Y que esa era la letra del mensaje que se trataba de leer.
6. Después de cierto tiempo de funcionamiento del dispositivo del pase en la Escuela, hemos aprendido algunas cosas. Entre ellas, una confirmada de distintos modos por los que hacen su experiencia, confirmada también en los carteles del pase. Lo formularé así: la verdad del pase no aparece sólo en el momento mismo del pase sino sobre todo en lo que pasa después del pase; la verdad del pase viene después, con los efectos que deben elaborarse de su experiencia. Como en la máxima de Baltasar Gracián: la verdad siempre llega la última, y tarde, cojeando con el tiempo. Agarrarla por los pelos, ahí donde tal vez ya no se la esperaba, es el trabajo al que deben dedicarse los analistas de la Escuela. La cuestión es entonces cómo la Escuela elabora los efectos del pase sobre ella misma. Eso tiene la virtud de ir siempre a contracorriente de todo lo que el propio grupo analítico puede imaginar sobre sí mismo, de romper, de la manera más precisa, su consistencia imaginaria, - y no precisamente con un estilo solipsista. El pase es así la mejor política del síntoma que tenemos para la propia Escuela.
Sucede entonces que el decir del sujeto pone en acto aquello que dice, más allá de lo que se esperaba escuchar. Es realmente una de las características más sorprendentes de ese aparato de precisión clínica que es el pase, cuya política puede muy bien plasmarse en una frase de René Daumal, una frase que el propio analista debe hacer entender al sujeto que recibe para poder acompañarlo en el análisis hasta la verdad de su división más próxima. Es la frase que les leo para concluir:
"Y ahora intenta hablar (...) Habla; la cosa o el hecho que nombres será inmediatamente real, si eres verdaderamente tu quien habla"
llevar al sujeto hasta su división más próxima
Miquel Bassols
1. Si algo se hace hoy manifiesto en el campo heterogeneo de las llamadas psicoterapias es que toda práctica clínica, incluso la que se pretenda más neutra y objetiva, depende de una política. A la fórmula que Jacques-Alain Miller lanzó a principios de los años ochenta como una brújula en el Campo Freudiano, - "no hay clínica sin ética" -, podemos agregar hoy, siguiendo sus últimas elaboraciones sobre las tres vertienes de la experiencia (la clínica, la epistémica y la política), la siguiente fórmula: no hay, tampoco, clínica sin política.
El alcance de esta afirmación no se reduce a la gestión de lo que conocemos como "las políticas de salud mental", y al lugar de avanzadilla que el psicoanálisis debe tener en ese campo. Su alcance va hasta el nudo más íntimo de la relación de cada sujeto con lo que llamamos el goce, - en términos de Freud, con la satisfacción pulsional en la que está comprometido su síntoma.
No se trata para el psicoanálisis de una acción directa en la gestión de la "res publica", una gestión que debe valer para todos, sino, por decirlo así, de una acción sobre la "res privata", una acción uno por uno sobre la cosa más íntima y particular, el objeto causa del deseo que siempre determinará, por otra parte, cualquier política de gestión de la "cosa pública". El alcance del psicoanálisis se mide hoy, más que nunca, por la respuesta que sepan dar los psicoanalistas a este nudo, en lo particular de cada análisis y en lo público de los discursos sociales que giran alrededor de las paradojas del goce.
No hay clínica sin política quiere decir entonces que no hay práctica terapéutica que no suponga una respuesta, implícita o explícita, a la pregunta por la causalidad del síntoma y a la posición del sujeto en el nudo que forman goce y lenguaje.
Es en esta perspectiva que Jacques Lacan podía afirmar en los años setenta que "el síntoma instituye el orden en el que se reconoce nuestra política" . Su proposición del pase en la Escuela es la consecuencia institucional de esta política para hacer avanzar la clínica y el saber del psicoanálisis.
2. Una política del síntoma empieza por saber detectar y situar los efectos de división subjetiva causados por el inconsciente. Es la primera operación del psicoanálisis: abrir la división del inconsciente, la más lejana para cada sujeto, y permitirle así hacerse receptor de su síntoma como un mensaje que hay que descifrar.
¿Cómo llevar hoy al sujeto del síntoma a abrirse a la dimensión del Otro de la palabra y del lenguaje, a interesarle así en el desciframiento de su mensaje inconsciente? Nuestra época parece más propicia a los goces y discursos solipsistas que se fundan en una aparente exclusión del Otro de la palabra, como en esa nueva generación de entrevistadores televisivos que hacen hoy fortuna acorralando a sus entrevistados con la sola estrategia del más puro y estúpido silencio. Habrán visto tal vez cómo rompen, con el peor gusto, cualquier apariencia refinada con el que el entrevistado, desde el más anónimo hasta el más famoso, esperaba saber responder. El efecto cómico que producen es correlativo de la caída del semblante fálico al uso, dejando entrever un goce que parecería no pedir nada al Otro. Y, sin embargo, hacen existir a ese Otro de una forma distinta, con la decepción de una espera.
Podríamos encontrar varias referencias clínicas de esas nuevas formas del Otro, pero me interesa ahora subrayar lo siguiente. Si bien constatamos que esta dimensión del Otro tiende a cerrarse sobre sí misma en una serie de fenómenos de la clínica actual, fenómenos en los que detectamos un goce autista, también es cierto que esa dimensión del Otro se abre de la misma forma en otras direcciones. Y es en esas otras direcciones que el psicoanálisis debe saber tomar hoy la delantera.
3. El síntoma nunca ha pedido interpretación y no debemos sorprendernos de que se adelante así a las nuestras. El síntoma es más bien una botella que el sujeto lanzó al mar, sin destino previo conocido, para intentar hacer un lugar a su ser en el oleaje de los goces y de los bienes ofrecidos a su satisfacción. La estrategia del analista consiste en hacer alcanzable al sujeto mismo esa botella errante, en una suerte de "retorno al remitente", para permitirle abrirla y descifrar su mensaje, aunque la encuentre vacía de significación. Es la condición mínima para una entrada en análisis, condición que un sujeto, del estilo solipsista al que antes me refería, formulaba así: "Cada uno tiene un secreto para sí mismo en la vida. Hay quien se lo lleva a la tumba y hay quien decide ponerse a descifrarlo."
Y todavía habrá que llegar a ese punto donde, como señala Lacan, se demuestra que un enigma descifrado puede seguir siendo un enigma, en especial cuando se trata del enigma por excelencia, el del goce en su relación con lo sexual.
El sujeto se encuentra allí con otra división, que Lacan anunciaba así en su escrito de 1964, "Del Trieb de Freud y del deseo del psicoanalista": "la pulsión divide al sujeto y al deseo, deseo que no se sostiene sino por la relación que desconoce de esta división con un objeto que la causa. Tal es la estructura del fantasma" . Llevar al sujeto hasta el punto más cercano de su propia división implica anudar la división del sujeto del inconsciente, la división del mensaje de su síntoma, con esta otra división producida por la pulsión.
Ahí es donde se aloja la "res privata" de cada sujeto, en lo más próximo de esta división de la que un final de análisis extrae el objeto causa del deseo.
4. Entonces, las tres vertientes de la experiencia analítica, - la vertiente clínica de las posiciones del sujeto frente al goce, la vertiente epistémica del saber que ha sabido producir sobre ella, y la vertiente de la política del síntoma -, se anudan en la división más próxima que el sujeto encuentra frente a la pulsión, y dan su lógica y sentido a lo que hoy conocemos en la Escuela como la experiencia y el dispositivo del pase.
Se trata precisamente de investigar aquí las experiencias de la pulsión más allá del fantasma, una vez se ha extraido de él el objeto causa de deseo como la "res privata" del sujeto.
¿Cuál es la experiencia de la pulsión una vez el Otro de la transferencia deja de existir como sujeto supuesto saber y ha quedado reducido a ese objeto? Propongo una respuesta: la pulsión se iguala al decir del sujeto. Es lo que podemos deducir también de la definición que Lacan daba de la pulsión en 1975: "Las pulsiones son el eco en el cuerpo del hecho de que haya un decir" . La pulsión es entonces la experiencia de goce introducida en cada sujeto por el lenguaje, por el hecho de constituirse como un ser de palabra. ¿Llegaremos a decir que en ese nudo donde se juega la división más íntima del sujeto, la pulsión es el lenguaje, su producto en lo real? Correríamos el riesgo de cerrar lo que en esa división debe mantenerse siempre abierto: que el sujeto que habla, el sujeto efecto de la castración simbólica, sólo se puede contar como un vacío, como una falta en el universo del goce, como un corte producido por la pulsión.
5. Bastará, para hacerlo entender, una breve referencia clínica, transmitida en uno de los carteles del pase del periodo anterior. Se trata de un sujeto que la noche siguiente al día en que percibió la diferencia de los sexos en una compañera de juegos de su infancia, experimentó la angustia más profunda ante lo que define como un agujero sin límites en el cuerpo del Otro. Ese agujero se le apareció en la noche como un montón incontable de nadas que convertían a su propio cuerpo en un agujero indiferenciable de ellas, en un borde pulsional que engullía todo lo que giraba alrededor suyo, todo excepto el borde mismo de los orificios de su cuerpo a los que éste quedaba reducido. Esa experiencia, casi alucinatoria, coincidía con el tiempo en el cual el aprendizaje de la escritura le enseñó a bordear esa nada para darle sus límites y aislarla así como el intervalo necesario para que cada letra sea legible como tal. Dedicó gran parte de su vida a llenar el agujero del Otro con esa nada de sus letras, que así adquirían un valor fálico.
Años después, ese mismo sujeto podía entender a través de su análisis que una palabra verdadera deja siempre una huella, una marca irreversible, una inscripción en lo real, pudo entender que en toda palabra verdaderamente dicha se inscribe una letra que permite leer el ser de su enunciación, el nombre de su ser de goce, perdido en "el mar de los nombres propios", para retomar la expresión de Lacan. Una vez perdido el valor fálico de ese objeto, quedaba su resto real, reutilizable para otros fines. Esa letra no se reducía entonces a la imagen, a la grafía impresa o caligráfica con la que la confundimos en la acción de escribir; tampoco se reducía al símbolo que la convierte en elemento de una cadena significante. Esa letra es lo que Freud abordó con la noción de "inscripción" en el inconsciente y que sólo Jacques Lacan pudo distinguir como un objeto heterogéneo al significante, cifra del ser de goce de cada sujeto en lo real. Este objeto, al final del análisis, se muestra vinculado de manera especial con la pulsión, como su inscripción primera en el sujeto.
Diré entonces lo que me parece una consecuencia lógica cuando el sujeto encuentra esa dimensión al final de su experiencia: la pulsión, esa pulsión que divide al sujeto y al deseo, y que es a la vez el eco en su cuerpo del hecho de ser un sujeto que habla, esa pulsión es lo más cercano a lo que conocemos en la clínica como un fenómeno elemental, es el fenómeno elemental producido por el lenguaje en cada sujeto. Ese fenómeno merece también el nombre de trauma en su sentido más freudiano, es decir, el encuentro con lo real de un goce sexual irreductible a la significación del fantasma que hacía de pantalla.
Al término de esa experiencia de desciframiento que supone un análisis, el sujeto descubre entonces que la botella de su síntoma se ha vaciado de sentido y de goce. Que la botella esté vacía no quiere decir ahora que no haya sujeto ni mensaje sino que el sujeto era la botella vacía misma. Y que esa era la letra del mensaje que se trataba de leer.
6. Después de cierto tiempo de funcionamiento del dispositivo del pase en la Escuela, hemos aprendido algunas cosas. Entre ellas, una confirmada de distintos modos por los que hacen su experiencia, confirmada también en los carteles del pase. Lo formularé así: la verdad del pase no aparece sólo en el momento mismo del pase sino sobre todo en lo que pasa después del pase; la verdad del pase viene después, con los efectos que deben elaborarse de su experiencia. Como en la máxima de Baltasar Gracián: la verdad siempre llega la última, y tarde, cojeando con el tiempo. Agarrarla por los pelos, ahí donde tal vez ya no se la esperaba, es el trabajo al que deben dedicarse los analistas de la Escuela. La cuestión es entonces cómo la Escuela elabora los efectos del pase sobre ella misma. Eso tiene la virtud de ir siempre a contracorriente de todo lo que el propio grupo analítico puede imaginar sobre sí mismo, de romper, de la manera más precisa, su consistencia imaginaria, - y no precisamente con un estilo solipsista. El pase es así la mejor política del síntoma que tenemos para la propia Escuela.
Sucede entonces que el decir del sujeto pone en acto aquello que dice, más allá de lo que se esperaba escuchar. Es realmente una de las características más sorprendentes de ese aparato de precisión clínica que es el pase, cuya política puede muy bien plasmarse en una frase de René Daumal, una frase que el propio analista debe hacer entender al sujeto que recibe para poder acompañarlo en el análisis hasta la verdad de su división más próxima. Es la frase que les leo para concluir:
"Y ahora intenta hablar (...) Habla; la cosa o el hecho que nombres será inmediatamente real, si eres verdaderamente tu quien habla"
Salir de la encrucijada* - por Mariana Alba de Luna [*]
Siempre me sentí interrogada por sus silencios y por su forma extraña de estar entre nosotros. Apoyada en su ventana, los ojos cerrados, ella amaba sentir las vibraciones de los coches pasar a lo lejos o, sentada en el jardin mirar en el suelo a los minúsculos seres, moviendose incesantes, cada uno ocupado en sus quehaceres silenciosos.
Yo, no podía más que tratar de situarme en un ángulo de su mirada que hubiese podido permitirme encontrar al fin, la puertecilla de acceso que abriría a su mundo. Pero mis tentativas fracasaban siempre contra lo imposible. Mi hermana se encerraba en su mundo autístico y le sonreía de la misma forma desconcertante que tenía de sonreírle a las hormigas.
Yo sufría por no poder comprenderla totalmente. Había compartido su vida y había asistido a sus pequeñas victorias misteriosas. Cuando, por ejemplo, yo la observaba coger el periódico, siempre al derecho, y mirar fascinada las letras, como si ellas supieran hablarle sin causarle violencia. Frente a algunas máquinas parecía muy astuta, e invencible. Como con su balón de fútbol duro y consolador siempre pegado a su cuerpo, cual una armadura y escudo de guerra. Por las noches, como un signo de una gran confianza, ella venía a depositar unos segundos su preciado balón entre mis manos para que yo lo hiciera girar por los aires. Y en ese instante, su risa que bailaba resonando festiva, era un momento de gracia de una fragilidad de cristal, si preciosa e infinita.
No fue fácil para mi, comprender y aceptar lo que le pasaba. Comprender porqué ella era tan diferente de los otros. De hecho, no pretendo haber logrado saberlo completamente. Pero pude comprender mejor y llevar conmigo mi propio sufrimiento de haber tenido y tener una hermana tan singular.
Luchar porque los otros respetaran sus miedos cuando, inoportunos, se acercaban demasiado, rompiendo y amenazando su necesidad de mantener un espacio delimitado ; y hacer mi posible porque se aceptara su diferencia, fue desde muy temprano una posición decidida por mi parte. Posición tomada con la convicción de que esa era una de las cosas que yo podía hacer para no dejarla sola y, a la vez, no dejarla encerrarse en su autismo.
Felizmente a ella nunca le faltó un lugar para ser recibida en una institución especializada que supiera respetarla, al igual que a sus síntomas. Siempre estuvo rodeada de gente extraordinaria que la ayudó a progresar. Pero esas pequeñas instituciones eran privadas y creadas a la iniciativa de los propios padres. Mi hermana nunca habló, porque eso es así. y porque tal vez ella no quiso jamás dejar resonar su voz, a lo lejos. Ningún metodo coercitivo vino nunca a forzarla a nada, ni mucho menos obligarla a ceder su preciado balón esperando poder recuperarlo a cambio de algunos comportamientos «adaptados».
Mis padres, fueron siempre escuchados y ayudados por esos profesionales orientados que tan finamente supieron dejar lugar a la singularidad de mi hermana y acompañarnos. ¿Contó eso de alguna forma en mi vida ? Ciertamente. Ahora soy psicologa-clinica y psicoanalista. Yo también he trabajado durante muchos años y trabajo con niños, entre ellos autistas, conjuntamente con sus padres. Me he apoyado sobre mi vivencia, sobre lo que me ense haber compartido la vida de alguien tan singular, una autista, su sufrimiento y el de su familia. Acaso ello invalida mi posición o mi discurso como familiar o como profesional ? No, de ninguna manera.
Pero es también mi propia experiencia y formación psicoanalítica quien me permitió orientar de forma ética mi trabajo con esos niños y con sus padres, de tal manera a poder respetar su propio sufrimiento y su recorrido. Ninguna historia es comparable ni superponible a otra.
Saber respetar los pequeños detalles que captan la atención de esos niños y, a partir de ellos, ayudarles a construír un mundo a su medida. Que les permita continuar, a mantenerse vivos y a entrar en un modo de relación social con los otros, es primordial para todo ser autista. Ayudar y acompañar a las familias, aún más. Es ilusorio pensar que el acompañamiento de un niño autista debaría basarse sobre un solo enfoque, y los psicoanalistas nunca han abogado por tales posturas. En tanto que profesional, es ahora que estoy confrontada en este país del primer mundo, a la dificultad creciente de orientar a esos niños y a la gravedad de la falta de lugares para muchos de entre ellos. Algunos niños son diagnosticados tempranamente, pero ello no cambia mucho su situación, pues existen muy pocas instituciones donde orientarles, que puedan acogerles y las listas de espera, en los centros existentes, son escandalosamente largas o muy sectorizadas.
Entiendo y comparto la desolación de los padres y su reclamo por que sus hijos continúen a ser integrados en la escuela o admitidos en un establecimiento especializado, para que puedan recibir una atención terapéutica, cuidados y que una orientación educativa congruente les sean propuesta. Pero, en tanto que familiar de una persona autista, no comparto el odio actual que manifiestan algunos famililares, ni las feroces acusaciones que algunas asociaciones de padres hacen respecto al psicoanálisis. Así como tampoco comparto la alocada posición de aquellos que, en nombre del psicoanálisis, continúan buscando el origen del autismo del lado de una supuesta culpa materna. Algunos padres de niños autistas se dejan manipular por el miedo y a causa de su deseperanza. Eso me parece intolerable. Ellos necesitan ayuda y sostén, no de mentiras.
Es necesario llevar y sostener el debate con los poderes públicos, para obtener, ciertamente, un mejor recibimiento, y alojo institucional de sus hijos y el seguimiento de una atención terapéutica y educativa pluridisciplinar adaptada. Pero sin olvidar que todo niño autista necesita ser escuchado y respetado mismo en su silencio. Las personas autistas no necesitan ser «formateadas», ni ser puestas «bajo contrôl», pues su fuerza reside, justamente del lado de su singularidad.
Incluso si un día se lograse encontrar la causa del autismo, lo que al parecer no es aún el caso, los autistas continuarán siendo seres de lenguaje y su subjetividad seguirá siendo algo a tomar en cuenta. En los debates actuales, no se hace caso de aquello que ellos mismos defienden y de aquello que nos han enseñado con sus vivencias. Los que pueden dar testimonio lo han hecho. Escuchémosles.
Mas allá de toda causa, existe el sujeto y su subjetividad. Existen tantos autismos como hay sujetos autistas. Pero actualmente los autistas continúan siendo las primeras víctimas del enigma que ellos siempre han despertado en los otros.
Notas | ||
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* Publicado con la amable autorización de su autora. http://www.nel-mexico.org/articulos/seccion/radar/edicion/83/510/Salir-de-la-encrucijada Radar Edición 83 Marzo 2012 |
quarta-feira, 14 de março de 2012
A invenção do delírio
1
Jacques-Alain Miller
2
navarin@easyconnect.fr
Resumo: Jacques-Alain Miller retorna às teses lacanianas: todo delírio é
um fenômeno elementar, são contínuos e têm a mesma causalidade; e o
momento fecundo dos empuxos-ao-delírio traduz a reiteração desses
fenômenos. Trabalha o eixo alucinação-interpretação, e explica a
significação da significação aplicada à intuição delirante. Propõe pensá-
las a partir da metáfora e da metonímia, inventa o operador de
perplexidade e aponta a equivalência entre o significante da
transferência e o início de um delírio. Através do binômio S1-S2 diz que
todo saber é delírio e o delírio é um saber.
Palavras chave: fenômeno elementar; delírio; binômio alucinaçãointerpretação.
Abstract: Jacques-Alan Miller refers back to the Lacanian thesis: every
delusion is an elementary phenomenon. They are continuous processes with
the same causality; and the fecund moment along the push-to-delusion
translates the reiteration of such phenomena. He explores the delusioninterpretation axis and explains the meaning of meaning applied to the
delusive intuition. He invites us to consider them as metaphors or
metonymies, inventing an operator for perplexity and defining equivalence
between the signifier of transference and the beginning of a delusion.
According to the binomial S1-S2, every piece of knowledge is a delusion
and every delusion, a piece of knowledge.
Key words: elementary phenomenon; delusion; delusion-interpretation
binomial.
http://www.opcaolacaniana.com.br/antigos/pdf/artigos/JAMDelir.pdf
Esthela Solano-Suarez : Derrière le Mur, c'est la haine qui est à l'oeuvre
Propos recueillis par Jean-François Marmion
Depuis six mois, le documentaire Le Mur, de Sophie Robert, a mis le feu aux poudres dans la sphère psy : diffusé sur le site d'Autistes sans frontières, on y voyait des psychanalystes tenir des propos jugés d’un autre temps à propos des origines et de la prise en charge de l’autisme, accusant les parents d’avoir provoqué la « psychose » de leur enfant. Trois des analystes interviewés, Esther Solano-Suarez, Eric laurent et Alexandre Stevens, ont porté plainte en accusant Sophie Robert d’avoir manipulé leurs propos. La justice leur a donné raison sur ce point, interdisant à la documentariste (qui a fait appel) de continuer à présenter son film en l’état. Le Mur est désormais invisible. En exclusivité pour le Cercle Psy, les trois plaignants reviennent à leur tour sur cette polémique. Voici les réponses d'Esthela Solano-Suarez.
Pourriez-vous vous présenter, pour ceux qui ne vous connaîtraient pas ?
J’ai une formation de psychologue. Analyste en Argentine, je suis venue en France en 1974 car j’avais la prétention de pousser un peu plus loin les limites de ma formation. Pour cela, Paris était l’endroit le plus approprié, d’autant que j’étais très intéressée par l’enseignement du Dr Lacan. Je voulais assister à son séminaire, et si possible faire un bout d’analyse avec lui. Je me suis installée pour un an, voire deux, mais tout de suite après mon arrivée, les événements ont mal tourné en Argentine. Comme mon engagement m’avait déjà valu la prison, il m’était impossible de rentrer. Mon voyage de formation s’est transformé en exil après-coup. Au fond, ces circonstances douloureuses m’ont donné la chance de faire une analyse avec le Dr Lacan lui-même. Quand la démocratie est revenue en Argentine une dizaine d’années plus tard, j’ai fait le choix de rester en France qui, entretemps, m’avait adoptée. J’ai toujours travaillé dans l’orientation lacanienne, et d’une façon très décidée depuis la création de l’Ecole de la Cause Freudienne.
Comment avez-vous rencontré Sophie Robert ?
Elle m’a contactée vers la fin du mois de septembre 2010, se présentant comme journaliste et se recommandant de collègues que j’apprécie et que j’estime. Elle m’a fait alors part de son projet, un documentaire pour la chaine Arte, Voyage dans l’inconscient, visant à rendre accessible au grand public les concepts de la psychanalyse. Trois volets étaient prévus, sur la psychanalyse du divan, ses applications cliniques notamment pour la psychose, dont l’autisme, et enfin ses connexions avec l’anthropologie et sa place dans la société actuelle. Nous avons convenu d’un rendez-vous à mon retour d’un voyage au Brésil. Je lui ai ouvert ma porte, lui accordant ma confiance. J’avais oublié, sans doute, que trop de confiance attire le danger ! J’étais malade, je brûlais de fièvre, mais je l’ai reçue chez moi avec son caméraman, pendant trois heures. J’avais prévu quelques douceurs pour agrémenter ce temps de travail. Elle m’avait dit vouloir aborder tout ce qui se rapporte au langage, à son acquisition, aussi bien qu’à son rapport avec l’inconscient. Je trouvais ça très intéressant. Mais ma première surprise fut de constater l’effet de mon accueil généreux : un effet de gêne. Imperceptible. Et que je n’interpréterais que bien plus tard. Moi-même, j’éprouvai tout de suite un certain malaise, que j’attribuai à tort à mon état de fatigue. Après le départ de Sophie Robert, j’ai eu une intuition : je me dis que j’étais tombée dans un piège. Quelque chose ne collait pas. J’ai tout compris en visionnant un an plus tard le résultat de ce travail sur Internet.
Sophie Robert vous avait-elle annoncé que vous pourriez voir le film avant sa diffusion ?
Oui, je le lui avais demandé expressément, et elle m’avait répondu que bien entendu, durant le premier trimestre 2011, lorsque son travail prendrait forme, ce serait tout à fait possible. Ensuite je n’ai pas eu de nouvelles. Le temps passant, j’ai oublié complètement cette histoire, franchement. Jusqu’à un soir de septembre 2011, où une collègue m’a avertie de la diffusion du Mur sur le site d’Autistes sans frontière. Plus question d’Arte, c’était tout autre chose. Bien entendu, en voyant ce film, j’ai été plus que stupéfaite. J’ai réalisé que le fameux voyage dans l’inconscient s’était transformé en voyage au bout de l’enfer, enfer non pas dantesque car il aurait comporté une dose de divine comédie… Non, non, l’enfer le plus abject : celui de la diffamation partisane contre la psychanalyse. Et cela portant sur un sujet très grave, puisqu’il intéresse la souffrance des êtres humains. A ce moment-là, j’ai compris que j’avais été victime, aussi bien que mes collègues, d’une opération préparée, réfléchie, montée, afin de discréditer les psychanalystes, la psychanalyse, au profit de méthodes cognitivo-comportementales.
Iriez-vous jusqu’à y voir un complot ?
Au fil du temps, on a vu tous ces échos dans la presse, toute une campagne soutenue par des associations de parents d’enfants autistes très montés contre la psychanalyse, très virulents. Sachant que la date approchait pour la remise des travaux du ministère de la Santé concernant l’autisme, et compte tenu du fait que l’autisme était déclaré grande cause nationale pour l’année 2012, on se dit que tout ça fait quand même partie d’un ensemble. Le Mur était animé par une volonté de nuire. Car que s’est-il passé avec les énoncés que j’ai tenus lors de l’interview ? Je ne me suis pas reconnue dans ce film ! On sait bien que le sens d’un discours ou d’une proposition varie suivant la façon dont on va ponctuer le texte. Or si par ailleurs la phrase est coupée de son contexte, isolée de la suite logique qui la précède et qui la suit, son sens se transforme davantage. Et si vous faites apparaître dans le film une phrase préalablement charcutée, comme étant une réponse à une question formulée dans le film mais qui n’a pas été posée lors de l’interview, alors bien entendu le sens de la phrase est altéré, déporté, adultéré. Et si par-dessus le marché vous ajoutez en voix off un commentaire qui donne le cadre sémiotique, c’est-à-dire un sens unique que vous voulez faire passer dans le film, alors le tour est joué ! Mes propos ont été dénaturés de façon ignoble, au point d’en inverser le sens. Mes énoncés ont été découpés de mon énonciation, qui n’y était plus. Tout ça pour véhiculer la thèse selon laquelle les psychanalystes culpabilisent les mères, rendent les parents responsables de la maladie de leurs enfants. Alors qu’à aucun moment, lors de l’entretien, je n’ai formulé une telle bêtise. Au contraire, à chaque fois que la réalisatrice voulait m’emmener sur le terrain, du genre : « Et la dépression maternelle, cause de… », ou « l’enfant-phallus de la mère… », je donnais une réponse démontrant qu’on ne pouvait pas se contenter de telles simplifications. Je ne vois pas comment j’aurais pu contribuer à culpabiliser les parents alors que ma pratique s’inscrit tout à fait à contre-courant de cette psychologie de base.
Suite à cet épisode, j’ai réfléchi à la question de la faute et de la culpabilité. Il y a d’ailleurs à cet égard dans le n°173 de Lacan Quotidien le texte d’une intervention du Dr Guy Briole lors d’une conférence de presse à l’hôtel Lutétia, le 4 mars, organisée par l’Université populaire Jacques-Lacan et l’Institut psychanalytique de l’enfant. C’est un article de fond, très intéressant. Selon moi, si un enfant a des problèmes, des symptômes, une maladie, quels qu’ils soient, il serait absurde mais aussi pas éthique de la part des psychanalystes de croire, ou de penser, que c’est la faute des parents. En revanche, supposer qu’une série de symptômes relève de la causalité psychique ne veut pas dire que cela désigne un coupable. La faute des parents est une supposition naïve qui relève de la culpabilité elle-même. Il est fréquent de constater que ceux qui demandent une analyse pour traiter de leur symptôme, s’engageant dans un processus d’élucidation, vont, dans un premier temps, supposer que la faute revient aux parents, comme si la faute trouvait chez eux un Autre sur mesure. Et Dieu sait si la culpabilité ne réside pas toujours au creux de notre rapport le plus intime à nous-mêmes et aux autres… Un travail analytique comporte d’aller au-délà de cette supposition naïve. Mais quand on dépasse d’un cran le domaine de la supposition, quand la faute de l’autre devient certitude comme dans Le Mur, cela relève d’une autre logique visant à la psychanalyse et les psychanalystes comme coupables et responsables de tout ce qui ne va pas dans le traitement des enfants autistes aujourd’hui en France. Nous sommes alors confrontés à une autre logique de la faute, celle qui ouvre la porte au pire : c’est la logique de l’insulte, de la chasse aux sorcières, de l’accusation. C’est une façon de désigner le mauvais, le fautif, et ça, on sait que c’est redoutable. C’est la haine qui est à l’œuvre. C’est intéressant, parce que Freud a élucidé la souche pulsionnelle de la haine. Nous pouvons lire ses propos dans son texte de 1915, Pulsions et destin des pulsions. Et en 1925, il écrit une phrase lumineuse dans La dénégation : « Le mauvais, l’étranger au Moi, ce qui se trouve au dehors, lui est d’abord identique. » Ce propos de Freud indique bien que l’objet haï fait partie de moi-même. C’est ma partie la plus intime, rejetée en dehors de moi. Ce plus intime à moi, mauvais, que j’expulse, c’est le fondement et la source de la haine.
Vous-même, vous arrive-t-il de ressentir de la haine pour Sophie Robert ?
Ce n’est pas la haine comme affect qui s’est imposée à moi. Plutôt la colère, la rage. Je me suis sentie profondément déçue, parce que je lui avais accordé ma confiance. C’était aussi un effet de réveil : peut-être qu’aujourd’hui, hélas, la confiance dans la parole donnée n’a parfois plus cours… J’ai compris ensuite, malgré le tort subit, que ce n’est pas que ma personne qui était en jeu, mais quelque chose qui s’inscrit dans la conjoncture actuelle, visant au-delà de chaque psychanalyste, la psychanalyse. D’où ma rage d’avoir été instrumentalisée au service d’intérêts redoutables. On se trouve face à un nouveau mode d’escroquerie : par exemple, les Immortels de l’Académie française se sont prêtés à un entretien portant sur le temps qui passe. Des réflexions d’académiciens sur le temps, une pure merveille ! Quelle a été leur surprise de voir que leurs propos servaient à une publicité pour des montres de luxe ! Ils ont été victimes d’une manipulation de leurs propos au service d’une logique marchande. C’est la même logique qui est à l’œuvre dans le montage du film. J’ai accepté de parler pour un public plus large afin de contribuer à diffuser la démarche psychanalytique, sa pratique, ses concepts, sa visée, et mes propos ont été détournés et mis au service de ce qui constitue l’envers du discours analytique, afin d’alimenter une vaste campagne au service d’une opération de marketing, non pas d’un produit de luxe, mais d’une entreprise de production de robots.
Quelle que soit l’appréciation qu’on peut porter sur Sophie Robert et son documentaire, il n’en reste pas moins que cette affaire a incité de nombreux parents à témoigner. Beaucoup se montrent franchement hostiles à la psychanalyse, et affirment qu’on les a culpabilisés. Qu’est-ce que ça vous inspire ?
Il y a là comme un mouvement de foule pour chercher et lyncher le coupable. Les amalgames sont de mise. Un psy est équivalent à « tous » les psys, un psy quelconque est équivalent à l’universel de tous les autres, et cela équivaut à la psychanalyse elle-même. En revanche, si l’on est attentif à une certaine littérature concernant l’autisme, on trouve pourtant des perles. Par exemple un livre dont la lecture a été pour moi très plaisante, Sortir de l’autisme, de Jacqueline Berger, mère de jumelles autistes. Elle témoigne de son parcours, de sa souffrance, comment elle a fait de sa souffrance une source d’inspiration pour une solution. Elle a transmis son expérience dans un essai tout à fait réfléchi, documenté, où elle rend honneur à la psychanalyse dans la mesure où ses enfants ont bénéficié d’un traitement dans un hôpital de jour à Paris. Elle explique comment ses filles sont nées au langage grâce à des professionnels dévoués et engagés. Elle fait part aussi d’une réflexion sur la société moderne et les pratiques comportementalistes. Elle dit des choses très intéressantes et très justes, par exemple que la psychanalyse est un travail artisanal qui ne s’accorde pas avec la rationalisation du soin, et qui ne peut pas rentrer dans la logique des statistiques et de la quantification. Il s’agit plutôt, dit-elle, « d’un bricolage mais aussi d’une création à la fois banale et extraordinaire comportant un engagement profond d’amour. » On peut lire aussi d’autres témoignages de familles, recueillis par exemple dans Lacan Quotidien, qui montrent la satisfaction de la démarche analytique. Mais il se trouve que l’inspiration analytique ne promeut pas la création des réseaux ni d’associations de parents. C’est la grande différence.
Mais pour s’exprimer sur Internet, pas besoin d’une association, on peut le faire spontanément : or, dans l’ensemble, les témoignages sont défavorables à la psychanalyse. Et surtout, les parents expliquent qu’ils ont bel et bien été culpabilisés par les soignants. A votre avis, y a-t-il donc effectivement des psychanalystes qui culpabilisent les parents ?
J’ai du mal à penser que des psychanalystes dignes de ce nom soient dans une logique de culpabilisation des parents. Néanmoins je conçois bien, mais c’est une hypothèse, que dès lors qu’on va se confier à un psychanalyste, il y a un appel à la subjectivité, à sa propre histoire, à la recherche des coordonnées du désir, de sorte qu’il n’est pas exclu que ce processus de parole donne lieu à : « Ca me culpabilise. » C’est d’une extrême délicatesse, c’est quelque chose qu’il s’agit de traiter avec un très grand soin. Les soignants doivent se demander comment accueillir la culpabilité des parents quand on s’occupe d’enfants, quelle que soit la problématique des enfants.
Vous voulez dire que les parents se culpabilisent tout seuls ?
La culpabilité est un ressort intime de la subjectivité. Elle est au cœur de notre rapport à nous-mêmes et aux autres. Mais encore faut-il faire la différence entre culpabilité et responsabilité. Je lisais par exemple un ouvrage, Vaincre l’autisme, le témoignage d’une mère d’enfant autiste, Barbara Donville. Une mère courage, comme celles qui se battent pour faire sortir leur enfant de l’enfermement et auxquelles je ne dois que du respect, de l’admiration et de l’estime. Barbara Donville se trouvait donc confrontée à un diagnostic de trouble envahissant du développement pour son petit garçon de 3 ans. Elle explique son désarroi, sa solitude, l’abîme qui lui est tombé dessus. Elle a eu la force de se dire qu’elle ferait quelque chose pour son fils, et elle a inventé une méthode. Une méthode éducative tenant compte de la singularité de l’enfant, tout en délicatesse. Elle dit avoir compris que son enfant n’avait pas tout à fait fini de naître : « Il fallait que, sage-femme de l’espérance, je l’aide à naître jusqu’au bout, à naître pour être enfin ! » Je suis très touchée par cette autre phrase : « Cela demandait réflexion et remise en cause personnelle. Certes. Mais quelle n’est pas la vie qui exige une telle démarche ! » C’est à partir de cela qu’elle a trouvé le courage de se consacrer à son enfant, avec des résultats formidables puisqu’il est scolarisé avec de très bons résultats. Elle voit là un miracle de l’amour. Je trouve là le témoignage d’une mère qui ne rejette pas sa subjectivité pour y trouver les sources de sa force créative. Mais cela ne veut pas dire pour autant qu’il y a une relation directe de cause à effet, et qu’elle se trouve coupable de la maladie de son petit garçon.
Pardonnez-moi d’insister, mais encore une fois de nombreux parents témoignent spontanément pour dire : « Notre enfant a été pris en charge par un psychanalyste, qui a dit que c’était notre faute s’il était autiste. » Pensez-vous qu’ils se font des idées, que ça ne s’est pas vraiment passé comme ça, ou bien que le praticien peut effectivement se trouver en tort ?
Je ne pense pas qu’ils se font des idées, ils témoignent de leur vérité subjective. Mais je ne pense pas non plus que les praticiens aient pu énoncer des jugements aussi insensés. C’est difficile de prononcer un jugement universalisant là-dessus, et si je m’avance dans ce sens, ce serait aller vers un terrain tout à fait glissant. Je ne peux pas répondre pour tous les praticiens, je ne les connais pas, je ne sais pas quelle formation ils ont pu avoir. Je ne peux assumer leur énoncé ni leur énonciation, je ne peux que me responsabiliser que de mon énonciation à moi. Je ne peux pas me porter garante ni être le porte-parole de tous les praticiens d’orientation psychanalytique s’occupant des enfants autistes, ce serait absolument insensé de ma part. Je pense qu’il y a là quand même quelque chose à étudier, à considérer. Qu’il y ait des mauvaises rencontres, c’est possible. Et des malentendus aussi. Vous savez, quand on veut communiquer quelque chose, l’intention de signification n’est pas un circuit très simple : ça parcourt une boucle où ce que j’entends comporte aussi mon propre décodage. La parole engendre du malentendu.
Revenons à l’action que vous avez intentée en justice. Pourquoi avoir choisi cette voie au lieu de demander un droit de réponse ou un message de désapprobation au début du film, par exemple ?
Quand on a pris connaissance de la diffusion du film sur le Net, on a compris que c’était un fait accompli. Une diffusion en salle était aussi programmée, avec des débats. Un document sur le Net fait le tour du monde en temps réel : dans ces conditions, puisque le pacte de parole avait été rompu, puisque les conditions de notre engagement, la façon dont on avait été recrutés, se fondaient sur un abus, je ne pouvais plus croire à une entente amicale pour un droit de réponse. Non : à ce moment-là, on a fait passer notre plainte du côté de la justice.
Avez-vous demandé à d’autres psychanalystes interviewés par Sophie Robert de se joindre à vous trois ?
Non, je n’ai sollicité personne. Nous sommes tous les trois membres de l’Ecole de la Cause Freudienne, nous nous sommes donc concertés entre nous.
Pourquoi avoir demandé précisément 290 000 euros de dommages et intérêts, et pas un euro symbolique par exemple ?
Oh, on revient toujours sur cette affaire de la somme demandée ! Ce qui a donné lieu à des commentaires absolument révoltants sur le Net, convoquant tous les fantasmes. Ecoutez, c’était une somme forte pour envoyer un signe fort après ce préjudice. Une sanction pour stopper ce type de manipulation.
C’était donc dissuasif.
Je dirais que ça avait plutôt la valeur d’un signe : un stop, un non, un arrêt, une limite. La réalisatrice aurait dû inclure dans le calcul de son projet la logique des conséquences la concernant.
Avez-vous redouté qu’on vous accuse de vouloir censurer le film ?
Non, pas du tout. On ne peut jamais prévoir de quelle accusation on fera l’objet, mais à aucun moment je ne me suis sentie incarner la fonction de la censure. Au contraire, j’ai eu l’intime conviction en regardant le film que mes propos à moi avaient été censurés, en les amputant de leur énonciation. Comme l’entretien avait eu lieu un an plus tôt, que j’avais complètement oublié cette histoire et que je n’avais pas pris de notes, je n’avais pas une idée précise du parcours théorique que j’avais emprunté pour répondre aux questions de la réalisatrice. Mais j’ai pu constater l’écart entre les propos retenus dans le film et ceux que j’avais soutenus, dès lors qu’on a récupéré les rushes. Sophie Robert ne les pas donnés parce qu’elle n’avait rien à cacher, mais parce qu’il y a eu une décision de justice.
Certains de vos collègues ou patients estiment-ils que vous n’auriez pas dû porter plainte ?
Non, au contraire. Dès la diffusion du film, j’ai commencé à recevoir des messages de solidarité et d’indignation de la part de collègues du monde entier, mais aussi de personnes qui travaillent avec moi. Leur réaction était plutôt pour nous encourager à nous défendre : « Faites quelque chose ! Ne restez pas dans le silence, exprimez-vous ! Mobilisons-nous, répondons ! » Dès lors que notre décision était connue, la plupart des personnes se sentant concernées par cette histoire se sont senties absolument solidaires, et profondément soulagées qu’une instance de justice puisse trancher.
Sophie Robert a fait appel. Si jamais la justice lui donnait cette fois raison, que feriez-vous ?
En première instance, ses représentants ont convenu qu’il y avait déformation de propos et détournement de sens. Je leur suis absolument reconnaissante d’avoir accompli un travail remarquable et une lecture d’une extrême finesse, pratiquement linguistique des textes nous concernant. Je préfère penser, voire croire, qu’ils feront preuve à nouveau d’attention, de pertinence et de délicatesse pour trancher convenablement.
La Haute Autorité de Santé vient d’émettre de sérieuses réserves vis-à-vis de la prise en charge psychanalytique de l’autisme. Qu’en pensez-vous ?
Malgré la campagne, la guerre menée contre la psychanalyse, incluant même une proposition de loi pour l’interdire en pareil cas, malgré cet extrémisme et des pressions exercées, la Haute Autorité de Santé a produit un texte n’allant pas tout à fait dans le sens de ce que Libérationavait annoncé (la psychanalyse est finalement qualifiée de « non consensuelle », et non pas « non recommandée », NDLR). Il y a eu une rectification au grand dam des lobbies cognitivo comportementalistes. Il est très éclairant de lire là-dessus les enjeux de financements des structures de soin à l’œuvre dans cette affaire, mis en lumière par Lacan Quotidien n° 177. La psychanalyse doit-elle constituer une approche exclusive pour soigner l’autisme, ou peut-elle être associée à d’autres ? Il serait absolument débile de soutenir qu’il n’y a que la psychanalyse pour traiter les enfants autistes. Il me semble qu’il faut une approche multiple, adaptée à chaque enfant, au cas par cas, assurée par des équipes de professionnels spécialisés dans différentes disciplines et pouvant faire avancer l’enfant aussi bien dans le relationnel, le social, l’éducatif, que l’acquisition du langage, du savoir. Bref, tout simplement dans son humanisation. La psychanalyse peut servir, à condition qu’il y ait aussi une pluralité de pratiques dans des lieux adaptés. Ce qui confronte à des difficultés de taille à cause du manque de moyens et de places.
terça-feira, 13 de março de 2012
“Lacan, la política en cuestión"
CONVERSACIÓN CON JORGE ALEMAN. En torno a su libro: “Lacan, la política en cuestión". Juan Carlos Tazedjián (Valencia) y EL TAXISTA ALEMÁN. Shaila García Catalán (Valencia)
I. El título
No es obvio. Entre Lacan y la política no hay ni dos puntos, ni una conjunción. Sólo una escansión, una coma, que pone a ambos en serie.
No es obvio. Entre Lacan y la política no hay ni dos puntos, ni una conjunción. Sólo una escansión, una coma, que pone a ambos en serie.
“En cuestión”. En nuestra lengua tiene al menos dos acepciones. Una: “de lo que se trata”. El tema en cuestión, el tema de que se trata. Luego: Lacan, la política de la que se trata. Pero también, “cuestionada”. Poner algo “en cuestión”, interrogarlo, objetarlo, interpelarlo. La política cuestionada desde Lacan. Las dos acepciones están presentes a lo largo del libro. Un cuestionamiento de la política, tal como se la puede entender en el discurso común, puesta en tensión con otro significante que no es sinónimo: “lo político”.
II. Soledad: Común
Es el texto de una ponencia, presentada en las jornadas de la Escuela Lacaniana de Psicoanálisis, celebradas en Valencia en el 2009, bajo el título “La soledad del analista”.
Es el texto de una ponencia, presentada en las jornadas de la Escuela Lacaniana de Psicoanálisis, celebradas en Valencia en el 2009, bajo el título “La soledad del analista”.
Aparente contradicción: la soledad del uno, de cada uno de los unos y lo común para todos. Si decimos “para todos”, hay contradicción. Pero Jorge habla de la soledad de todos, aunque no la nombre así. Esa soledad que se inscribe en cada uno, no como lo que lo iguala o lo asemeja a los otros, sino como “la diferencia absoluta” de cada uno con cada otro. Y, no contradictoria sino paradójicamente, esa diferencia de cada uno en su soledad es lo que permite lo Común.
Alemán distingue el “común” que es un “para todos” capitalista o totalitario, de un Común con mayúscula que describe así: “Un estar juntos, un ser con los otros, en un proyecto sin garantías, donde lo Común no está dado de antemano sino que es la contingencia que se puede encontrar en el arte, en el amor, en la amistad y en el orden específicamente político. Pero para esto hay que admitir que la única constancia material de esa matriz de lo Común con la que han tenido que ver los seres parlantes es el encuentro real con lalengua”. Utiliza ese neologismo lacaniano, traducción de la lalangue con lo que Lacan se refiere, al laleo del infante, cuando la lengua no ha sido aún sometida al lecho de Procusto del lenguaje. Se trata de un encuentro único, singular, intransferible.
Vemos entonces que así como la soledad es necesaria, en el sentido lógico del término. Es decir, necesariamente cada uno se enfrenta a lo traumático de su encuentro solitario con la lengua… lo Común es una contingencia. Hay una implicación del orden de la responsabilidad, de la decisión, en cada una de esas contingencias que podemos encontrar -en el arte, la amistad, el amor, el orden político-, que requieren el consentimiento del sujeto. Lo Común tal como lo plantea Alemán, no está dado por el solo hecho de alguien pertenezca a lo que se llama una comunidad. Entre otras cosas, porque no se trata de una unidad, dada por lo que nos asemeja, sino de un ser con el otro, a partir de nuestra diferencia absoluta con el otro.
A mi modo de entender, es en esta “soledad: Común”, donde Jorge nos introduce a la articulación entre psicoanálisis y política. Esto, siempre que no caigamos en el error de pensar que soledad=individuo=psicoanálisis. Y Común=sociedad=política. No se trata de oposiciones que se conjugan sino de dimensiones que se anudan. Lo Común (con mayúscula) es, como dice en otro lugar, “lo que tenemos en común, como algo previo y anterior a todas las diferencias generadas por las tradiciones y las identidades culturales”. Y qué es ese común: La Soledad. Como vemos, están a anudadas.
III. Apuntes preliminares: “Para una izquierda Lacaniana…” (2000-2010)
“Para una izquierda Lacaniana…” se publica en el 2009 y el capítulo de este libro, publicado al año siguiente (2010), son las conversaciones que habían sido publicadas en el 2006 bajo el título de “Entrevistas”, en su libro “ El porvenir del inconsciente”. De otra forma: en el 2010, Jorge publica las notas preliminares de un libro editado el año anterior y escritas en el 2006. Es decir, en el 2010, las “entrevistas” del 2006 se transforman en notas preliminares de algo que ya estaba escrito, con lo que lo preliminar es posterior.
“Para una izquierda Lacaniana…” se publica en el 2009 y el capítulo de este libro, publicado al año siguiente (2010), son las conversaciones que habían sido publicadas en el 2006 bajo el título de “Entrevistas”, en su libro “ El porvenir del inconsciente”. De otra forma: en el 2010, Jorge publica las notas preliminares de un libro editado el año anterior y escritas en el 2006. Es decir, en el 2010, las “entrevistas” del 2006 se transforman en notas preliminares de algo que ya estaba escrito, con lo que lo preliminar es posterior.
Esto no es un juego ni una repetición, sino la puesta en acto de lo que dijo Lacan sobre el tiempo del sujeto, que no es un tiempo lineal, progresivo sino el futuro anterior: “Lo que habré sido para lo que estoy llegando a ser”, que en este contexto se podría traducir: “lo que habré escrito para lo que estoy llegando a escribir”. Este gerundio, del “llegando” a ser -que en la lengua inglesa de los americanos aparece constantemente con el sufijo “ing” que sustantiva al verbo (parking, zapping, footing, etc.) en Jorge Alemán tiene un sentido distinto con el recurso de los puntos suspensivos que aparecen en este capítulo y en el nombre de sus dos últimos libros. Suspensivos doblemente, en tanto testimonian que el sentido de lo escrito está siempre en suspenso, que no hay teleología, y también en tanto dejan al lector el espacio para continuar la escritura con su propia lectura. Alemán corroboró esto en la conversación posterior diciendo que no cree en El libro, como tal.
A mi entender, estas 38 páginas son el hueso del texto. Ante la imposibilidad de hacer una semblanza de sus infinitas modulaciones, transcribo textualmente un apartado completo al que titula “Una sociedad freudiana imposible”: “…¿ cuáles serían sus condiciones? Apostar al deseo sin garantías sin excluir el horizonte de la responsabilidad. Aceptar el carácter irreductible del deseo sin caer en la tentación del goce propio del mártir. Soportar la infelicidad contingente sin que se convierta en una desdicha necesaria. Saber perder sin identificarse Con aquello que se ha perdido. Tener conciencia de la propia finitud, escapando a la fascinación de la cultura de la pulsión de muerte. En esta sociedad imposible habrá lugar para la tragedia singular, pero no para la humillación planificada; encontraría lugar el dolor de existir, pero no la explotación de la fuerza de trabajo; se realizaría la voluntad de decir cualquier cosa y también la de callar, pero no en un silencio cobarde; estaría contemplado el ser extranjeros de sí mismos, pero no el desarraigo obligado para las multitudes”.
IV. El sujeto del inconciente y la democracia
Si es verdad que -tal como lo afirma Lacan- “El significante es lo que representa a un sujeto para otro significante”, es decir, que no puede haber nunca ninguna representación que agote del todo al sujeto, Alemán plantea una hipótesis absolutamente novedosa:
Si es verdad que -tal como lo afirma Lacan- “El significante es lo que representa a un sujeto para otro significante”, es decir, que no puede haber nunca ninguna representación que agote del todo al sujeto, Alemán plantea una hipótesis absolutamente novedosa:
“…la democracia consiste en este mismo problema. La representación nunca puede ser absoluta…ningún sujeto puede quedar coagulado por lo que lo representa. Por eso, podría haber una afinidad estructural entre el sujeto del inconsciente y la democracia”
Me parece que tanto esta hipótesis como el párrafo de la sociedad freudiana imposible, podrían ser objeto de todo un seminario sobre conjeturas psicoanalítico-políticas que se titularía: “Afinidad estructural entre el sujeto del inconsciente (psicoanálisis) y la democracia (política)”. Para Alemán, “El inconciente es una experiencia política”. Luego, lo que llama “una afinidad estructural” es algo más que una analogía o un paralelismo.
V. “El nuevo malestar en la cultura: políticas para un sujeto dividido”
-Es una entrevista realizada por a Antonio G González, uno de los organizadores del Seminario Atlántico de Pensamiento, realizado en Las Palmas de Gran Canarias. En la edición del 2010 participaron también Ernesto Laclau y Mufet Chantal, y entre otros.
-Es una entrevista realizada por a Antonio G González, uno de los organizadores del Seminario Atlántico de Pensamiento, realizado en Las Palmas de Gran Canarias. En la edición del 2010 participaron también Ernesto Laclau y Mufet Chantal, y entre otros.
Me parecen muy interesantes las preguntas de Gonzáles, ya que propician que las respuestas de Alemán acaben constituyendo una re-escritura del libro de Freud de 1920 “El malestar en la cultura”. A mi juicio, el texto de Freud, para que tenga vigencia HOY, tiene que ser acompañado por la lectura de este capítulo del libro de Alemán.
Hay en Freud un imperativo ético válido para la práctica analítica: “Wo es war, soll ich Werden”, Cuya mala traducción, Lacan corrigió de esta manera: “Donde ello era, debo advenir”. En otras palabras: allí donde eran las exigencias esclavizantes de las pulsiones, debo advenir como sujeto deseante.
- Ya en su libro anterior “Para una izquierda Lacaniana…” Jorge lo había parafraseado de esta forma:
*Allí donde el individuo neoliberal del goce autista es, el sujeto excéntrico del inconciente debe advenir.
Y en este capítulo, lo parafrasea “ de una forma dislocada”, dice, así:
*Allí donde los mandatos del capitalismo ordenan gozar con la pulsión de muerte, el deseo del pueblo debe advenir”.
Cada vez que lo leo no deja de sorprenderme la expresión “el deseo del pueblo”. (En la conversación, fue inevitable la pregunta y sorprendente la respuesta). Hasta esa afirmación, hablábamos del deseo inconsciente, del deseo del sujeto, del deseo del analista… ¿cómo entender el deseo “del pueblo”? Sólo con la forma en que Alemán caracteriza al “pueblo”. No como multitud, ni como masa, ni como clase social, ni como conjunto de individuos que comparten un espacio geográfico o una identidad nacional. Pueblo, es aquello que puede emerger en una coyuntura. Esta emergencia, contingente, coyuntural, es compatible con lo que entendemos por deseo en psicoanálisis
VI. Ser de izquierda
A la pregunta de Diana Plaza y Gibrán Larruri ¿ qué es ser de izquierda? Alemán responde de la forma que escribo según mi lectura, con 7 escansiones:
A la pregunta de Diana Plaza y Gibrán Larruri ¿ qué es ser de izquierda? Alemán responde de la forma que escribo según mi lectura, con 7 escansiones:
1. “Ser de izquierda implica sostener el carácter contingente del capitalismo,aunque no se pueda garantizar la salida de él ni tengamos un nombre para esa salida”. Ya hay aquí una diferencia con el marxismo clásico, en el sentido de que el capitalismo es una etapa histórica no contingente sino necesaria, para pasar a otra cuyo nombre y características sí sabemos.
2. Ser de izquierda es “…el intento de pensar un ser con los otros como lo diría Heidegger, con un nuevo tipo de lazo social, otra manera de pensar ‘lo común’ que no esté de antemano capturada por el orden jerárquico de las diferencias efectuadas por el carácter jerárquico de los medios”.
3. Ser de izquierda no es ver esa otra cosa distinta del capitalismo como un mundo utópico o “un punto de llegada, el sitio donde un hombre nuevo pueda ser generado… (sino) el lugar donde la ‘diferencia absoluta’ de la que habla Lacan, pudiera desplegarse (…) Un lugar tragicómico donde todas las vicisitudes de la existencia mortal, sexuada y parlante, por fin se puedan poner en juego sin las coartadas de la explotación económica”.
4. “Ser de izquierda es intentar captar el presente más allá del fantasma que nos obliga a protestar siempre por lo que nos ha tocado en suerte…”
5. “Ser de izquierda implica una disponibilidad hacia los momentos de irrupción de ‘lo igualitario’ en lo común de lalengua, sea cual sea el ámbito en el que se produzca esa emergencia que anula por un instante a las jerarquías”. Por ello lo leo como: ser de izquierda es ejercer de izquierdista. Esto lo corrobora el último punto:
7. “Es también estar atento a la operación de cómo un Pueblo surge en una coyuntura de fragilidad y exclusión”.
B. Comentarios y respuestas a preguntas e intervenciones.
El acto, fue organizado por la Biblioteca de Orientación Lacaniana de Valencia y la conversación fue animada fundamentalmente por las preguntas y comentarios delTaller de Psicoanálisis y Política que –en su tercer año de constitución– se reúne mensualmente a comentar textos y experiencias, debatir, discutir interrogarse y buscar respuestas, alrededor de los temas y las hipótesis desarrolladas en la obra de Jorge Alemán. Se desarrolló a lo largo de dos horas y media, de las que sólo resaltó algunos puntos:
- Alemán planteó su idea del psicoanálisis como un discurso de la singularidad, más allá de todas sus otras posibles aplicaciones. Dijo que el suyo es un intento de dar una vuelta de tuerca más a la preocupación de los psicoanalistas por la clínica y apuntar a no sólo caracterizar la época de un modo académico sino generar un nuevo tipo de práctica, que intervenga en los lazos sociales que pueden generarse, e incluso inventarlos.
- Hizo referencia a Commonwealth, el último libro de Negri y Hardt, y sus desarrollos sobre los avatares de “lo común”. Una idea que comparten algunos intelectuales del 15 M, respecto a la oposición a la representación en democracia. Articuló esto a una pregunta sobre qué es lo que reemplazaría el papel de “el partido” en los movimientos emancipatorios conocidos. Admitió que no es una cuestión de fácil resolución ya que si bien está de acuerdo en que debe haber algo no institucional en la política, no por ello quedaría invalidada toda representación. Este es un debate actual.
- Habló de la importancia de hacer una relectura de la Revolución Francesa, la revolución rusa, la revolución cubana, el mayo del 68, los movimientos emancipatorios latinoamericanos…, admitiendo sus fracasos, sus consecuencias en muchos casos funestas y los costes de vidas. Pero advirtió del peligro de utilizar el fracaso para justificar el cinismo. Se trata de “volver a intentarlo”. Al escucharlo, me recordó la frase con que dedica el libro:
A los de entonces, que con lo nuevo, vuelven, vuelven, y vuelven…
En respuesta a una intervención sobre la crisis como últimos coletazos de un capitalismo que se acerca a su final, negó la existencia de una crisis. No hay crisis, no hay autoestima, no hay autocontrol… Para que haya crisis, no basta con el sometimiento de unos por otros, sino que es preciso que esos unos, se planten y digan NO. Y eso no ha ocurrido aún en Europa. Lo que llamamos crisis no es otra cosa que el movimiento mismo del capitalismo, como advertía Marx, un proceso de acumulación de capital que permite redefinir su valor y continuar con el sistema. Tampoco piensa que el capitalismo esté llegando a su extinción. Es muy difícil imaginar ese momento. Hay potencias que si quisieran podrían ya mismo colonizar todo el globo. Y, por otra parte, el discurso capitalista se cierra sobre sí mismo, no dejando lugar a imposibilidades.
- Entonces ¿seguimos o no sosteniendo el carácter contingente del capitalismo?
- Sí, pero contingencia no implica la seguridad de su extinción.
- Sí, pero contingencia no implica la seguridad de su extinción.
Subrayó la importancia del concepto marxista de plusvalía y su vigencia actual, más allá de no coincidir con que haya una clase que sea el sujeto predeterminado teleológicamente a llevar a cabo la emancipación.
Cuando Lacan dice que “no hay justicia distributiva” no se refiere a la distribución de los recursos sino a la distribución del goce. Aunque todos tuvieran un acceso “justo” a los recursos, cada uno en su singularidad se las arregla con su propia forma de gozar.
Crónica: EL TAXISTA ALEMÁN. Shaila García Catalán (Valencia)
«Hace años si en Argentina un taxista te hablaba de Lacan eso no implicaba que el país fuera intelectual sino que el taxista era un intelectual que había perdido su trabajo y debía trabajar de taxista».
Esta clarificadora sentencia con estructura de verdad y efectos de chiste sobreaquella Argentina sirvió a Jorge Alemán para hablar sobre el momento ahora de la política.
El 3 de febrero llegó a Valencia para conversar en torno a su libro Lacan, la política en cuestión… (2010), libro que rumia el hilo de interrogaciones de los anteriores El porvenir del inconsciente (2006) y Para una izquierda lacaniana… (2009), éste último excusa para la formación, en 2010, del Taller de Psicoanálisis y Política que animó el debate.
El psicoanalista problematizó la convivencia de la izquierda y del psicoanálisis: el pensamiento legado de la izquierda es el pensamiento de la igualdad y lo común que no están presentes, de entrada, en psicoanálisis, interesado por la lógica del caso por caso y con reservas con la invención colectiva. Ahora bien, la política, como el amor, nos notifica sobre la imposibilidad, condición que invita a inventar: el psicoanálisis sí puede intervenir en nuestra época. No porque la analice, como algunos piensan, sino porque apunta hacia la diferencia y, por tanto, puede señalar la confusión que el neoliberalismo traza entre el “todos iguales” y el “para todos”. La verdadera igualdad consiste en desplegar la diferencia absoluta y no la diferencia de los mercados. Esta estela consensual del “para todos” es, de hecho, la que impide que haya una crisis. Alemán espetó: ¡No hay crisis porque los sujetos no dicen no, no hay desacuerdo con el capital! No hay crisis del capitalismo, de hecho, ésta es la modalidad de su existencia. Hay, como advertía Marx, un proceso de acumulación de capital que permite redefinir su valor y continuar con el sistema aunque la hegemonía pueda cambiar de Estados Unidos a China, ¡quién sabe!
Si algo puede el psicoanálisis anotar también es que nuestro Otro -porque sí hay Otro que sostiene el individualismo y la fragmentación contemporáneas- no son los mercados, ni los bancos, aunque éstos sí estén secuestrando la enunciación de la política y se erijan como amos anónimos y sin rostro.
Con todo esto, Alemán propuso que si respondemos con antagonismo interrogaremos la enunciación. Y es que él, particularmente, no renuncia a la emancipación: ésta tiene que ver con el deseo. Por el contrario a Slavoj Žižek, quien aboga por hacer la Revolución tocando la raíz de la Cosa, Alemán es cauto y sagaz, y se pregunta: pero ¿cómo se toca la raíz? ¿y cuántos muertos? ¿y quienes serán esos muertos?
Estas preguntas por el devenir, llegan, a su vez, directamente desde una memoria viva de los ya, en/por otras batallas, muertos. Él dice que sin éstos, no hay solucióneconómica o política. Éstos se instalan de forma decidida en Alemán. Su discurso los arrastra y los cobija.
Y es que, en tanto psicoanalista, también es un taxista. Hace algún tiempo escuché que los psicoanalistas adoptan cierta función de taxistas: llevan a los sujetos donde éstos deseaban.
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